quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pequenas lições de Vida

Foto: Banco de imagens do Google
Muitas vezes, por mais que tentemos explicar algumas coisas aos nossos jovens, é por demais complicado... Existem certos assuntos delicados, que ainda constituem tabu para a sociedade, mas que nossos jovens devem ficar a par, desde que tenham capacidade de compreensão para observar as coisas que acontecem a sua volta.
Por exemplo, ontem de noite, saímos para jantar eu e um amigo e meus dois sobrinhos. Vejo-os atentos as coisas que vêem e comentam... Deixo-os fazerem suas observações, comento algo de maneira descontraída e vejo-os aprendendo sobre as coisas da vida através da observação. Eles, apesar de jovens, já são entendedores dos problemas da sociedade e de dentro do carro, observam através da janela um outro mundo... O mundo que de noite se transfigura sobre as calçadas na forma de prostituição, uso de drogas, miséria e falta de oportunidades. Por si, eles sentem que estudar é importante e que a falta de entendimento, preparo e instrução arrasta essas pessoas para a margem da sociedade, onde o desprezo, a falta de respeito e o preconceito, por parte da maioria das pessoas é algo "comum".
Esse pequeno "tour" pelo centro da cidade causou indignação, nojo, riso e surpresa. Foi uma pequena lição para a mente dos meus jovens sobrinhos que ainda não conhecem esse lado sombrio da sociedade.
Sempre ensino-lhes que na nossa condição humana, tanto podemos estar centrados na vida, ou na margem dela, mas que apesar de tudo, somos todos seres humanos e por isso, devemos respeitar toda e qualquer pessoa não importa sua condição dentro da sociedade.

domingo, 17 de outubro de 2010

Efeitos da distância


Foto: Banco de imagens do Google
Quando as coisas acontecem a nossa volta, temos um certo nível de percepção para detectar certos problemas, mas quando as coisas acontecem conosco, parece que o problema fica ainda maior. Viver no Japão por muitos anos me aproximou de uma cultura milenar fantástica. Tive acesso as novas tecnologias mais cedo do que meus compatriotas no Brasil. Tive oportunidade de ter trabalho e salário dignos, além de poder planejar o meu futuro. Somente uma pergunta em minha mente não quer calar... Todas essas conquistas e oportunidades a que preço?
Fiz muitos bons amigos no Japão, mas deixo de estar com muitos dos meus queridos amigos do Brasil. Muitos parentes que vivem em terras brasileiras só se encontram comigo nas raras visitas que faço ao Brasil. Hoje, estou sem carreira estável no Brasil, sem planejamento, sem aposentadoria, sem seguro-saúde e um pouco deslocado do mundo empresarial, acadêmico e intelectual.
Esses dias, senti na pele uma mudança numa pessoa muito importante para mim. Fui visitá-la, coisa que faço sempre que posso. Quando estou no Brasil, tento vê-la com frequencia para que possamos passar bons momentos juntos. Hoje, aos 14 anos, ela é uma bela mestiça, educada, criada sob os melhores cuidados possíveis e amada por todos.
Ainda me lembro da emoção que tive quando ela nasceu. A sensação de Felicidade foi grandiosa.
Lembro-me dos cuidados, das trocas de fraldas, dos primeiros passinhos, das mamadeiras e das incontáveis noites sem dormir...
O divórcio e a minha ida ao Japão criaram um distanciamento, mas nunca deixei de amá-la... Busquei estar sempre presente através dos telefonemas, e-mails e presentes... Sei que isso não é o suficiente. Fui ao Japão para reconstruir minha vida, mas nunca abandonei a minha princesa. Talvez nem ela e nem ninguém saiba o quanto sofri de saudade, de angústia e de dor pela distância que tive que abrir entre mim e ela... No meu íntimo sei que tenho uma parcela de culpa por esse distanciamento e que talvez chegasse o dia em que ela me cobraria pelos meus anos de ausência... Nunca imaginei que ela fosse me tratar com tanta frieza...
Tem dias que chego em sua casa e digo um "oi Chiyuki" bem caloroso e abro o meu mais terno abraço juntamente com o meu mais amplo e alegre sorriso... Ao contrário de antigamente, quando minha pequena me recebia com os braços abertos, ela permanece de braços cruzados e diz um "oi" seco com o rosto sem expressão nenhuma... Volta para frente de seu notebook e mergulha em suas conversas virtuais com seus amigos. Tal atitude me parece uma lança atravessando o coração... Tem dias que tento rir da situação para conter as lágrimas...
Na verdade, não sei o que ela pensa a meu respeito e também não imagino o que ela queria de mim... Abri mão de tudo que trabalhei e construi na vida em favor dela... Busquei no Japão uma forma de reconstuir minha vida (praticamente do zero) e ainda ajudar na criação dela.
O que ela queria que eu fizesse? Que ficasse no Brasil, apertado, sem poder ajudar de maneira consistente e sem prespectiva de melhoras?
Confesso que quase ninguém tem a capacidade de me magoar, mas ser magoado pelas pessoas que a gente ama é muito duro. Passei uns dias deprimido, refletindo sobre esses acontecimentos, mas vou erguer a cabeça novamente e continuar lutando a minha batalha, mesmo que eu seja incompreendido. Talvez eu já não tenha o direito de amá-la... Talvez eu já não possa mais abraçá-la e nem beijá-la... Talvez eu só sirva para pagar pensão e ser alguém que ela diga: "Ah esse aí é meu pai". acho que não posso mais lhe dirigir o meu afeto e nem andar abraçado no Shopping, ou pelo menos de mãos dadas como vejo outros filhos e filhas fazendo... Tudo isso tão somente e simplesmente porque eu "só" sou o seu pai...

domingo, 10 de outubro de 2010

Reflexões para o próximo dia 12 de Outubro

Foto: Banco de imagens do Google

Todo dia 12 de Outubro é a mesma coisa... O comércio enfatiza o dia da criança, os católicos reafirmam sua fé na padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida... Tem aqueles que não tem maiores compromissos, viajam para algum lugar... Alguns evangélicos usam a data para atacar a fé católica... Muita gente vai folgar quatro dias: Sábado, Domingo, enforcam a Segunda e voltam a folgar na Terça que já é feriado.
Num país como o nosso, que ascende dia a dia no patamar econômico (o que NÃO é mérito do PT e nem do governo Lula e sim do processo de desenvolvimento que o país atravessa), ainda é alarmante a quantidade de pessoas que ainda vivem em condições de extrema pobreza. Nesse contexto, as crianças são as maiores vítimas dos efeitos devastadores do quadro no qual estão inseridas. O quadro de miséria no qual vivem, deixam-nas totalmente vulneráveis aos mais diversos males: Doenças, drogas, crime, violência...
Muitas crianças são simplesmente abandonadas pelos pais, vivendo nas ruas e fazendo a "escola" do crime. Outras, são produzidas dentro de lares desestruturados, com pais sem formação e pouco esclarecimento. Cada dia na vida dessas crianças é um desafio de sobrevivência, fome, medo, incerteza e humilhação. O mundo lhes parece injusto, pois muitos desperdiçam as coisas das quais eles carecem. As vezes me lembro de uma frase que me soa até hoje na memória: "O inferno e o Paraíso é aqui." Tudo depende de como vivemos.
O governo pode e deve fazer mais coisas no sentido de proporcionar um futuro mais digno para as pessoas. Começando pelos milhões de reais que são desperdiçados e desviados, muitos projetos sociais poderiam ser implementados. A iniciativa privada também deveria ser convocada a ajudar em troca de alívio na carga tributária, entre outros benefícios.
Existe um ciclo vicioso que parece um câncer social, onde os investimentos não tem retorno imediato. Esse ciclo começa na injustiça social, onde as crianças, filhos de pais carentes, não encontram chances de inserção na sociedade, vivendo à sua margem. Não tem chance de adquirir conhecimento, pois não são estimulados a valorizar os estudos, consequentemente, não adquirem formação. Nesse processo, a medida em que o tempo passa, fica mais difícil conseguir um trabalho estável. A partir daí, muitos optam por adentrar na vida do crime. Não que a pobreza seja motivo justificável para as pessoas desrespeitarem as leis, mas a sua condição, por vezes o induz ao caminho "mais fácil."
Há de se dar condições para as crianças estudarem. Há de se direcionar os jovens a se prepararem para o mercado de trabalho. Há de se incentivar o empresariado a abrir suas portas e oferecer mais postos de trabalho estável. Aqui entra o novo conceito do ganha-ganha, ou seja, para o empresário ganhar, o governo, ou os trabalhadores não devem necessariamente sair perdendo. Todos podem e devem ser beneficiados. Existe uma espécie de cabo-de-guerra, um jogo absurdo de interesses, que na verdade deveria ser um regime de cooperação entre o empresariado e o governo. As estatais e a iniciativa privada geram riquezas e capital, mas parece que tudo é voltado para o benefício de poucos. O Brasil é um dos países de maior potencial de econômico, mas precisamos arrumar a casa. Precisamos extirpar a corrupção sumária e severamente. Precisamos eleger indivíduos bem intencionados, capazes e com vontade política. Só assim conseguiremos amenizar os problemas sociais deste país.
Há de se quebrar esse ciclo vicioso para que os resultados já sejam visíveis na próxima geração. Então, cuidemos das crianças de hoje, pois elas serão os cidadãos de amanhã.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A moda dos Vampiros

Foto: Banco de imagens do Google
A escritora Stephenie Meyer conseguiu reunir em seus contos de vampiros, vários ingredientes que foram decisivos para que seus livros se consolidassem no gosto principalmente dos jovens. O natural fascínio que o mundo dos vampiros exerce sobre as pessoas, o romantismo excessivamente meloso e as vezes trágico e as descobertas da adolescência. Toda essa mistura vem de encontro ao anseio dos jovens. Daí em diante foi só explorar o filão comercial iniciado lá atrás por Bram Stoker e o mais famoso dos vampiros: O conde Drácula.
As vezes chego a questionar quem são os verdadeiros vampiros. As personagens com seus caninos afiados e pontiagudos, ou o mundo editorial e cinematográfico que vai sugar até o último vintém com a exploração do tema.
Assisti dois filmes da série e francamente achei meloso em demasia. A magia e o mistério são banalizados e o romance é bem forçado. O elenco é formado de belos rapazes e moças, o que ajuda a encher as salas de exibição. Os efeitos especiais ajudam a salvar o enredo mixuruca. Talvez a versão escrita seja bem melhor que a versão cinematográfica, como no caso do Código da Vinci. Quando assisti (ou melhor, perdi o meu tempo assistindo) Eclipse, ao final da sessão alguns adolescentes pagaram um mico aplaudindo (acredite se quiser) o filme, coisa que só se faz em teatro, ou em espetáculos onde os artistas estão presentes.
Dia desses, minha sobrinha queria muito ver o filme paródia "Os vampiros que se mordam". No original Vampires suck (vampiros chupam). O filme original é ruim... A paródia é pior ainda... O que eles chamam de "comédia" na verdade é uma tentativa frustrada de fazer o público rir. Em alguns momentos, as cenas até chegam a ser engraçadas, mas o filme peca no quesito humor. Humor chulo, sem-graça na maioria das vezes e que não agrada. Já faz tempo que não se faz um bom filme de comédia... Percebi algumas risadas verdadeiras e espontâneas e outras risadas forçadas... Perca de tempo, dinheiro e paciência. A minha própria sobrinha sugeriu que saíssemos na metade. Pois é... Na moda e na onda dos vampiros esse filme infame e desgraçadamente insosso vai enganar muita gente. Ao contrário do que sugere o trailler, não há garantia de boas risadas.
O jeito é ter paciência e aguardar as musas inspiradoras tocarem a cabeça dos escritores e roteiristas, pois as coisas que estão nos fazendo engolir goela abaixo faz os jovens acharem que humor é esse tipo de lixo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Resultados das Urnas

Hoje não quero desviar a sua atenção com ilustrações, mas só com palavras... O resultado das urnas, pelo menos no aspecto geral, foi o que se esperava. A massa, que recebe ajuda social e financeira do governo, com medo de perder seus benefícios, continuou votando na candidata apoiada pelo governo. Esqueceu aquela enxurrada de escândalos envolvendo VÁRIOS nomes de peso do partido e fez vista grossa para o recente caso de corrupção ainda envolvendo o dito partido. Vimos a referida candidata se esquivando das perguntas pertinentes as falcatruas de seus companheiros no debate promovido pela Record. Aliás, o debate da Record foi melhor do que o da Globo.
O candidato do PSDB, José Serra, pelo contrário, recebeu e respondeu com clareza a todas as perguntas que lhe foram dirigidas. Coincidentemente, o Serra deu uma subida nas pesquisas, enquanto a Dilma deu uma caída... Por que será?
A candidata Marina, do PV foi, na minha opinião, a grande estrela desta primeira fase. Apesar de sua ainda pouca expressão, ela obteve um alto índice de votos, desequilibrando a disputa. Ela, com certeza, vai se tornar uma grande força dentro do cenário político. Sua plataforma de desenvolvimento sustentável, apesar de importante, ainda não é levada a sério e talvez ela só será ouvida quando a situação estiver crítica.
Outra zebra das urnas foi o Tiririca, que foi eleito com mais de um milhão de votos. Muitos eleitores simplesmente arriscaram, outros votaram só para "tirar um sarro", sem contar os votos que foram feitos como forma de protesto... Isso me fez lembrar do ex deputado federal Cacique Mário Juruna. Esperamos que ele faça pelo menos um terço do que o Juruna fez... Se é que as pessoas que estão tratando de derrubar o Tiririca não conseguirem puxar o tapete dele.
No senado, o Aluísio e a Marta já eram bem cotados para o cargo e o povo só veio confirmar isso através do voto. Acho que aqueles que se envolveram em tortura, escândalos e corrupção, deveriam ser eliminados da disputa.
Para o Governo de São Paulo, acho que o Maluf estava fora de cogitação. O Geraldo é o homem público mais preparado para o cargo. Resta saber o que vai acontecer no segundo turno para a presidência. Ou elegemos alguém capacitado e experiente para abrir os caminhos de uma nova era de desenvolvimento, ou continuaremos a dar dinheiro para a bolsa família, bolsa escola, bolsa dos corruptos... O que se precisa é de mais empregos e desenvolvimento e menos esmolas...

sábado, 2 de outubro de 2010

Cena Urbana


Foto: Banco de imagens do Google
Os motoqueiros são uma poderosa ferramenta para as empresas que precisam de mensageiros rápidos e eficientes, ainda mais quando se leva em conta que tempo é dinheiro. Assim como os transportadores em geral, eles movimentam o país levando documentos e encomendas de pequeno porte. Ases do volante, ou melhor, do guidão, esses trabalhadores saem diariamente para a sua luta do dia-a-dia. Acredito que a maioria faz parte de uma nobre casta de "cavaleiros sobre rodas" que estão lutando pela sobrevivência. Na contramão do bom-senso porém, jogam-se com displiscência com suas motos nas avenidas e estradas aparentado um total desamor pela própria vida. Estressados e impacientes, eles por vezes não toleram um carro mudando de mão sem fazer gestos agressivos e sem buzinar freneticamente com aquelas buzinas irritantes. Temos que ver as partes (condutores de automóveis e motoqueiros), antes de tomar partido. Na grande maioria das vezes, a grande vítima é o motoqueiro, que leva desvantagem pois num acidente envolvendo carro e moto, o motoqueiro sai invariavelmente machucado. O apelido de "cachorro louco" parece que faz jus a fama desses cavaleiros do asfalto.
Quero frisar que não tenho nada contra a classe, mas contra as coisas erradas que vejo por aí...
Certo dia, na Marginal Tietê, um motoboy fez uma "graça" no trânsito, "driblou'' vários carros fazendo um zigue-zague e perdeu o controle indo bater na lateral de um Celta que ia na minha frente. Pisca alerta ligado, porta lateral amassada e motoqueiro caído. Em menos de cinco minutos havia uma roda de motoqueiros alí. Uns ajudavam o "companheiro" a se levantar, outros tapavam a placa da moto para o motorista do Celta não vizualizar... Juntou uma verdadeira horda de motoqueiros que ameaçava surrar o motorista do Celta. Uns diziam: "Vaza, vaza que a gente segura ele!" Enquanto o pobre do motorista estava cercado de cachorros loucos, o motoqueiro e a moto que amassou seu carro fugiam sem prestar contas do ocorrido.
Bem... Se o motorista do Celta tinha seguro, vai desembolsar uns seissentos reais para pagar a franquia e arrumar o carro. Se não tinha seguro, vai amargar um prejuízo causado pela irresponsabilidade de um e assinado pela prepotência de vários. Acho que a classe tem que ser unida, mas deve defender causas e motivos justos. No caso ocorrido, houve uma grande injustiça e penso que cada um daqueles motoqueiros "solidários" devia sentir um pouco de vergonha, pois denegriram a imagem da classe com essa atitude.