sábado, 27 de novembro de 2010

A Justiça dos homens

Ilustração: Banco de imagens do Google

A justiça como está configurada até os dias de hoje, permite lacunas, onde hábeis advogados aproveitam brechas no código e no sistema para reverter fatos que já passam de óbvios e plenamente passíveis de condenação. Vemos hoje, casos em que há pessoas claramente culpadas, mas que não são condenadas por falhas no sistema. A lentidão da Justiça, a influência, a corrupção e o poder do dinheiro muitas vezes contribuem para a continuação dessa impunidade que vemos todos os dias.
Existe uma contradição onde o complexo código, detalhado em seu teor, foi formulado para que fosse o mais justo possível... Tal complexidade, muitas vezes dá margem a novas discussões e recursos, surgindo daí a injustiça.
A mídia faz a sua parte mostrando os acontecimentos. Existem casos que só são profundamente investigados por causa da pressão da opinião pública e da repercussão causada pelos meios de comunicação. Infelizmente, no nosso país, quando uma pessoa de bons recursos econômicos sofre uma injustiça, parece que não enfrenta muitas dificuldades para buscar justiça. O pobre, porém, se sofrer uma injustiça, as vezes tem que "engolir o sapo" pois para ele, a busca por justiça é algo mais utópico.
Com relação ao código penal, reconheço que é difícil reformulá-lo ao ponto de se definir: Inocente é inocente e culpado é culpado. Acredito que o que mais incomoda a sociedade são os casos onde os réus são explicitamente culpados, as provas são determinantes, mas a lentidão da justiça e as brechas aproveitadas pelos advogados impedem a condenação de imediato.
A injustiça impera em nosso país nos mais variados campos e nas mais diversas situações cotidianas. A injustiça está presente quando você chega numa repartição pública e um funcionário te pede um monte de documentos (certidão disso, certidão daquilo, comprovantes, recibos, etc). Você já perdeu um dia, mas resignado, sai em busca dos tais documentos e volta em outro dia. Chega no balcão e outro funcionário te atende e diz que aqueles documentos não servem. Aí ele lista um monte de outros documentos e te diz com a maior naturalidade: "Só podemos te atender se você trouxer esses documentos..." Você já perdeu dois dias indo na tal repartição, e um indo atrás dos documentos... Vai perder mais dois!!!
Isso acontece nos mais diversos setores públicos e privados.
Outro exemplo: Em São Paulo as áreas ao lado das calçadas nas vias públicas são denominadas Zona Azul. Os agentes de fiscalização (os marronzinhos), multam quem não comprar e colocar o cartão no carro. Eles fiscalizam, multam, mas não vendem o tal cartão. Para comprar, ou você anda um bocado, procurando um posto de venda autorizado (com preço oficial), ou paga ágio nas mãos dos flanelinhas. O sujeito estaciona, sai para comprar o cartão e quando volta, o carro foi multado. Essa é uma grande injustiça causada pelo próprio sistema.
Outra injustiça aconteceu quando os bancos entraram em greve. Tem muita gente que não acessa internet. Tem muito boleto que não pode ser pago em lotérica, nem em supermercado... Conclusão: Os boletos venceram e muita gente teve que pagar multas, juros, ou mora. Pode???
Você sai para viajar, revisa o carro, mas no meio do caminho a sua seta, lanterna, ou uma luz de freio queima... No próximo posto, um agente rodoviário te para e te multa por andar com aquela luz queimada... Pode???
Em Santana, bairro de São Paulo, tem uma avenida (Avenida Dr. Zuquim) que em certo ponto vira uma ladeira íngreme. Acreditem, a velocidade máxima é de 40 Km por hora e inda tem um pardal eletrônico... Póde??? Quem é que anda ladeira acima a 40???
As vezes tenho a impressão de que só os bandidos é que se beneficiam com a lei, afinal, eles não se submetem a elas... Eles não se preocupam em pagar impostos (afinal tem dinheiro roubado para isso). Eles não se preocupam com multas, nem com infrações de trânsito, afinal andam em carros roubados. Eles não sustentam nem o governo, nem o sistema, pois moram em lugares onde são isentos de IPTU e pagam pequenas taxas de água e luz...
A maior injustiça que existe é essa: Nós, que pagamos impostos e taxas e nos submetemos as leis, somos todos os dias massacrados pelas altas tributações (imposto de renda, IPI, ICMS, COFINS, IOF...), além de sofrer com a lentidão do sistema, com a burocracia e com o sistema de saúde precário. Póde??? O sistema beneficia quem deveria punir e pune quem deveria ser beneficiado.

domingo, 7 de novembro de 2010

Hipocrisia

Foto: Banco de imagens do GoogleReligião todo mundo tem a sua. No Brasil isso é notável. Temos uma variedade de etinias, com religiões distintas, que convivem dentro de certa harmonia. Acho muito bacana e saudável que as pessoas acreditem em Deus. Acho louvável essa atitude de Fé, onde semanalmente elas se encontram para adoração e louvor. Não tenho absolutamente nada contra quem tem sua religião, mas fico incomodado quando tais pessoas insinuam que são melhores que os demais. Devo frisar que nem todas as pessoas religiosas são hipócritas, mas muitas dessas pessoas erguem suas doutrinas ao patamar de verdade absoluta. A grande contradição vem quando essas mesmas pessoas contradizem suas crenças com atitudes. No quesito contradição, católicos e evangélicos são campeões. Existe uma passagem da bíblia (com letra minúscula mesmo) que narra a indignação de Jesus frente ao comércio que estavam fazendo na casa do Pai ( João 2:13 a 16). O que se vê hoje é o comércio declaradamente estabelecido dentro dos próprios templos, onde são vendidos os mais diversos artigos com a maior naturalidade. Isso acontece tanto nas igrejas católicas, quanto nas evangélicas. O que Jesus diria dessas coisas?
Dar glórias ao Pai e fazer adoração sincera está longe de ser a meta dos empresários da Fé. Existem até redes de lojas especializadas em artigos para os fiéis.
Em um dos mandamentos que Deus supostamente escreveu nas tábuas da lei diz: Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão ( Êxodo 20:07). Pois é... O que mais presencio é gente hipócrita falando "Eu tenho Deus no meu coração" e "Deus abomina gente que não vai para a igreja... O seu destino é o inferno!" Quantos Cds e DVDs são lançados, aquecendo o comércio e a indústria fonográfica "em nome de Deus?" Eu admiro os verdadeiros cristãos que devotam suas vidas ao bem sem menosprezar as outras religiões.
Minha birra começa com o estudo da trajetória da igreja católica, desde os primórdios, passando pela composição da bíblia pelos quatro livros (Mateus, Marcos, Lucas e João), pois os outros não foram considerados escritos inspirados por Deus, ou foram classificados como heréticos. Tudo isso sem falar da "Santa inquisição" e das torturas e perseguições impostas a pessoas de outras crenças.
Tudo me faz pensar que não devo entregar minha alma a pastores, sacerdotes e as igrejas. Apesar de tudo, ainda tenho Fé no Cristianismo. O que dizer da bíblia? É um bom livro, mas para mim, é como um quebra-cabeça faltando muitas peças.
Agradeço os vários convites para ir a igreja, mas o que minha alma anseia é o Cristianismo de Verdade!!!

sábado, 6 de novembro de 2010

Estresse

Foto: Banco de imagens do Google Bem... Estamos cansados de saber que as pessoas vivem uma vida atribulada e blá blá blá...

Estamos carecas de saber que o estresse faz mal para a saúde do corpo, da mente e do espírito, mas ainda tem muita gente perdendo o equilíbrio por coisas fúteis. Tem muita gente que vive em constante estado de nervosismo, chegando muito próximo de um legítimo ataque de nervos. Atribuo, em muitos dos casos, tamanho estresse aos seguintes fatores:

  • Em primeiro lugar, ignorância (no sentido literal da palavra). Desconhecedores das regras de boa vivência em sociedade, a maioria só pensa no próprio bem-estar.
  • Egoísmo. Como disse na linha acima, quem só pensa em si mesmo causa grandes transtornos para as pessoas a sua volta, gerando dissabores e estragando o dia dos outros e o seu dia mesmo...
  • Cansaço. Não bastassem todos os fatores mencionados, a sociedade moderna convive com o cansaço de múltiplas obrigações com o trabalho, e outros compromissos que nos desgastam e nos fazem ficar impacientes.
  • Inflexibilidade. Numa situação de divergência de opiniões, muitas vezes não vale a pena discutir por coisas que não acrescentarão nada. As vezes é melhor contornar a situação, fingir que não ouviu um comentário maldoso, ou ofensa, do que perder horas discutindo, ou fazendo um boletim de ocorrência numa delegacia. Isso não quer dizer que a gente tenha que ser bobo, mas evitar um conflito verbal, ou pior, uma agressão física faz com que evitemos muita dor de cabeça.

Dia desses, estava eu num supermercado para comprar duas peças de mussarela. Bem... As filas dos caixas estavam "quilométricas"quando achei as benditas peças de mussarela. Entrei numa das filas, onde tinha gente de tudo quanto é jeito: Adultos, famílias com crianças, adolescentes... Depois de uns quarenta minutos, quando já estava me aproximando do caixa, vi uma atendente dizendo para um cliente que aquela fila era preferencial para idosos, gestantes e pessoas com crianças de colo. O cliente, por sua vez "armou o maior barraco." Naquele momento eu enxerguei a minúscula placa afixada em cima do caixa dizendo que alí era somente para atendimento preferencial. No momento em que entrei na fila, não tinha percebido esse fato, mas olhei para trás e as pessoas que estavam na mesma fila não "arredaram" o pé. Eu, por minha vez, apesar de estar errado, já tinha esperado tanto que não me animaria a mudar de fila... Eu só sairia, se as pessoas que esperaram tanto tempo, como eu, também saíssem... De certa forma, me vi numa posição incômoda por estar alí, mas também me sentia injustiçado, pois além da espera, eu entrara por engano na fila preferencial, como todas as dezenas de pessoas que estavam ali.

A solução encontrada foi deixar passar na frente as poucas pessoas que tinham crianças de colo, as gestantes e os idosos, que aliás não vi nenhum. Sentindo um pouco de vergonha por estar alí, me desculpei com a funcionária, que estava bem nervosa. Expliquei-lhe que eu não havia notado a plaquinha lá do final da fila. Acho que o estabelecimento também tem uma parcela de culpa, pois a visualização das benditas plaquinhas não era muito fácil. Depois de um tempão decorrido, eu saí do tal mercado levando as mussarelas da discórdia para casa. Pena que o nível de estresse estava tão alto no mercado que quando saí, tinha um sujeito fazendo o maior "auê" com os seguranças.

Adoro o meu país, mas tem coisas que ainda me chocam um pouco.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Feriado de finados

Foto: Banco de imagens do Google

Hoje, feriado de finados, amanheci um pouco triste. Não quis pensar nos motivos que me entristeciam, mas a mídia, as pessoas e o clima que paira no ar fazem com que a minha mente seja relembrada do porque deste feriado. Hoje, o dia está muito bonito e ensolarado, mas o meu estado de espírito me faz ver as coisas num tom cinza...
Desde que minha mãe partiu em 14 de Fevereiro de 1996, abriu-se um grande vazio dentro de mim. Uma ferida que o tempo se encarregou de aliviar a dor, mas que nunca cicatriza. Em momentos como esse, essa ferida as vezes sangra e dói. A passagem dela em si não é o fator mais dolorido, mas as circunstâncias em que o passamento ocorreu e a saudade que aperta no peito.
Quando entrei na vida adulta, Deus levou algumas pessoas do meu círculo embora. Sei que não devo questionar as decisões dEle, mas a lição é, as vezes, por demais dura para os nossos frágeis corações.
Batian, Ditian, mamãe, meu primo Manabu, Delo... Todos pessoas muito queridas e que deixaram muitas saudades.
Hoje, apesar do dia ensolarado, não quis ir ao cemitério... Odeio muvuca... Não tem lugar para estacionar, o congestionamento estressante e as filas me desanimam de sair... Fiquei enfurnado em casa o dia inteiro, mas não esqueci de fazer minhas orações e emanar as minhas vibrações de Amor, carinho e o desejo de que eles sejam encaminhados rumo a evolução. Que eles sejam levados por mãos amigas até a morada do Pai Celeste.
Gostaria de arrancar essa dor que carrego, mas quando penso que ela se foi, algo acontece e me faz trazer a tona as lembranças que estavam presas no fundo da minha mente.
Hoje, não tenho motivos para celebrar, mas para lutar e seguir em frente. Talvez essa seja a grande lição que eles nos deixam. Sei que preciso superar e exorcizar essas sombras do passado. Ainda me lembro da última vez em que vi minha mãe com vida... Eu estava de férias no Rio Grande do Sul. Ia voltar para São Paulo e com o semblante triste ela me disse: " Tchau... Vai com Deus meu filho"... Ela estava com sequelas de dois derrames. Os pés inchados... Já não segurava suas necessidades... No alto dos seus 51 anos, passou de uma pessoa extremamente ativa a um vegetal humano...Meu padrasto, acho que fez o que podia, mas ela precisava de cuidados especiais. Metade do seu corpo ficou paralizado. O coração inchou e ela tinha crises constantes. Queria eu poder dar parte da minha vida por ela... Se eu adivinhasse que ela não sobreviveria por muito tempo, eu teria largado minha pequena firma, meus compromissos e tudo mais... Ficaria ao seu lado até o último momento. A única pessoa que podia ficar ao seu lado ajudando meu padrasto a cuidar dela, negou-se, pois achava que todos daquela casa saíram para fazer a vida, ele é que não ia ficar lá cuidando dela. As palavas duras e egoístas me feriram profundamente: "Todo mundo saiu para fazer a vida! Eu vou fazer a minha também! Você que é o bom filho que fique aí cuidando dela..." Depois disso, cortei relações com ele. Aquele que chamei de irmão um dia... Anos depois ele me procurou para o aniversário do filho. Reatamos, mas nunca esqueci sua atitude do passado. Não sei se ele sofre com a lembrança da minha mãe. Não sei se sente remorso. Só sei que sua personalidade e maturidade até o momento não mudou muita coisa. Ainda hoje, 14 anos depois, não consigo deixar de carregar essa mágoa.