sábado, 26 de fevereiro de 2011

SABETSU: O Precoceito no Japão



Foto: Denis Nishimura

No Brasil a gente percebe um preconceito de maneira sutil nas palavras e gestos de algumas pessoas. No Brasil, na minha época de escola, os negros e orientais sofriam abusos de todos os lados, desde apelidos até “brincadeiras” fazendo alusão a cor da pele. Hoje, apesar de sobrar alguns poucos indivíduos com essa mentalidade atrasada, o Brasil já deu largos passos no quesito tolerância e convívio com quem é de certo modo “diferente” e não se encaixa nos padrões pré-estabelecidos pela sociedade. O Preconceito racial, a homofobia e outros tipos de intolerância estão sendo postos de lado pelo fato de a sociedade perceber que diante da lei somos todos iguais sem distinção de qualquer natureza. Tanto no Brasil quanto no Japão, racismo e preconceito declarado é crime passível de punição, mas algumas pessoas ainda não entenderam a gravidade de atitudes tão ofensivas. A placa acima foi fotografada próximo ao Consulado do Brasil em Nagoya e o seu conteúdo mostra nas entrelinhas como nós somos vistos neste país, ou pelo menos, como algumas pessoas nos vêem... Para os japoneses que lêem essa placa fica a impressão: “Brasileiro não está nem aí para as leis... Estaciona em qualquer lugar, mesmo que isso cause transtorno para outros...” Eu acho que essa placa deveria ser dirigida a todas as pessoas e não aos brasileiros em especial. Para tanto, deveria ser escrita em japonês (idioma local) e em inglês que é um idioma universal.

Um ano no Brasil e eu já tinha me esquecido da minha vizinha japonesa racista. Foi um ano de Paz, mas ao retornar para o Japão, ela despejou sua intolerância com toda força. Antigamente ela batia a porta ao entrar e sair com tamanha força que o barulho ecoava no meu apartamento. Certas noites, tipo alta madrugada eu acordava com os gritos dela dizendo coisas do tipo: “Eu odeio esses estrangeiros!!! Por que eles não voltam para o país deles?!!! Nikkeis brasileiros são esquisitos... Dá um mal-estar só de olhar para eles!!! O que eles estão pensando? Este não é o país deles!!!” Dá para entender porque eu fico tão indignado? Já não a cumprimento, nem troco uma palavra com ela. Já reclamei no escritório administratitvo, mas até agora nada... Não sei até quando essa situação vai continuar, mas confesso que está sendo muito desagradável ouvir os insultos dela. As vezes tenho vontade de mover um processo para calar aquela matraca, mas penso que isso iria lhe causar um grande prejuízo financeiro e muito desgaste emocional para ambos os lados. No passado tentei conversar com ela, mas infelizmente o seu racismo, a sua intransigência e arrogância não lhe permitem admitir que está cometendo uma grande injustiça.

Espero que Deus ilumine sua mente para que ela possa discerinir melhor e ponderar sobre as próprias atitudes. E que Ele nos dê paciência para aturar essa megera até que possamos cumprir a nossa missão aqui neste país.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

De volta ao Japão

Foto: Aeroporto internacional de Tokyo/Narita (Banco de imagens do Google)
Depois de um ano “de férias” no Brasil, finalmente volto ao país do Sol Nascente.
A Varig há anos já não faz mais esse trecho Brasil-Japão. A JAL (Japan Air Lines) parou de fazer esse trecho em Setembro do ano passado. Comprei as minhas passagens de ida e volta pela JAL e poderia voltar por outra compahia gratuitamente, mas resolovi levar minha sobrinha de onze anos para morar comigo no Japão. Então tive que comprar outras duas passagens. Atualmente temos as opções de ir via Europa: Via Londres, pela British Air Ways, por Frankfurt, pela Lufthansa e via Paris com Vôos conjugados da TAM e ANA. Tinham as opções via Estados Unidos, mas seria necessário tirar visto de trânsito, então descartei essa possibilidade. Haviam também os Vôos via Dubai. Fiz as cotações e optei por ir via Paris pelos Vôos TAM/ANA. Comprei as passagems na ALFAINTER, que foi a empresa que cuidou dos trâmites de Visto da minha sobrinha. Da ALFAINTER só tenho que falar bem, pois já é a segunda vez que uso seus serviços e sempre fui muito bem atendido e assistido no aeroporto. As bagagens foram bem etiquetadas, os formulários preenchidos e todas as explicações feitas para que eu pudesse ter uma boa viagem.
As vésperas da viagem, minha cabeça estava fervilhando de preocupação. Saí de casa com a sensação de que estava esquecendo de algo (como de fato esqueci). Minha sobrinha estava sob a minha responsabilidade e isso me deixava muito preocupado. Fomos para o aeroporto e encontramos algumas pessoas que foram se despedir da gente. Entramos no check-in lá pelas 20 horas. Entramos para o embarque lá pelas 22 horas. Decolamos de Guarulhos por volta das 23 horas. Minha sobrinha, marinheira de primeira viagem estava um pouco tensa. Deixei-a na janela para que ela pudesse curtir todos os detalhes dessa primeira viagem. Na verdade eu prefiro ficar na Janela, pois descanso melhor me recostando na parede na hora de dormir. Para quem não sabe, viajar de avião de classe econômica é a mesma coisa (ou pior) que viajar de ônibus. A poltrona se reclina pouco e a gente não dorme direito. De São Paulo a Paris foram 11 horas de vôo. Chegamos em Paris as 14 horas (horário local), mas nosso avião para Tokyo estava com saída prevista para as 19:55. Até chegar a hora, uma voltinha básica pelo aeroporto foi legal. Levei Euros para alguma eventualidade. Ficamos com fome, mas não achamos nenhum MC DONALD `S por lá... Já pensou na especialidade: MC SCARGOT COM FRITAS E REFRIGERANTE!!! Conhecemos algumas brasileiras que estavam indo para o Japão. Conversamos animadamente, o que ajudou o tempo a passar de maneira agradável. Minha sobrinha já fez algumas novas amizades, trocou MSN como eles dizem e embarcamos novamente. Vôo ANA com destino a Tokyo. O serviço de bordo deles é muito bom e as comissárias são muito educadas. Minha sobrinha a essa altura já mais familiarizada e tranquila com a viagem. Foram mais 12 horas de vôo. Ainda bem que dentro do avião tem vídeo game, canal de música, canal de entretenimento e cinema. Chegando em Tokyo só o bagaço, restava enfrentar os trâmites de entrada no Japão. Depois fomos para o embarque doméstico pegar o avião rumo a Nagoya. Foram mais 1:10 dentro de um avião. Ao chegar no Japão, tem-se a impressão de que todo o sofrimento da viagem fica para trás. Minha sobrinha está maravilhada com este país. Hoje, uma semana depois da minha volta, ainda tenho a sensação de que estou meio deslocado. Fui comer no Sukiya e o meu favorito (Okura-gyudon) não estava no cardápio. Neste um ano, parece que o Japão não mudou muita coisa, pelo menos não visualmente. Ainda carrego as doces lembranças das minhas férias, mas logo, logo a moleza acaba, rsrsrs. Inicia-se agora uma nova fase de muito trabalho e luta em minha vida. Meu carro que está meio malhado, ficou parado neste um ano e precisa de uma série de revisões. Achei melhor me desfazer dele e comprar um mais modesto. No Japão, um carro esportivo gera uma despesa muito alta com impostos, manutenção e combustível. Para os próximos anos de minha vida, vou ter que me conformar com um carro mais comum.
Um ano fora e acumulou-se muita coisa para eu resolver. Nem sei de onde começo, mas vou indo aos poucos. Uma hora eu consigo deixar tudo resolvido, então será hora de voltar ao Brasil para resolver os problemas que aparecerão por lá devido a minha ausência.