quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fabricando Psicopatas



Foto: Banco de imagens do Google


As vezes é preciso que aconteça uma tragédia para que as pessoas e as autoridades tomem providências consistentes no sentido de evitar grandes desgraças. Ontem, no Brasil, um homem de 23 anos entrou armado numa escola municipal no Rio de Janeiro e matou onze estudantes. A barbárie só não foi maior porque um policial entrou na escola, acertou e feriu o atirador, que acuado, atirou na própria cabeça. Detalhe, ele foi aluno da tal escola. Tempos atrás, nos EUA, um estudante de intercâbio coreano entrou na universidade atirando contra seus “colegas” matando alguns. Dias desses, um vídeo correu o mundo através da internet. Nele, o estudante australiano Casey Haynes aparece levado socos no rosto e na barriga. Cansado de tanta humilhação, Haynes reage e ergue o outro garoto do chão e o arremessa violentamente contra o chão.


Certa vez, ouvi um ditado que dizia: “Não tomar uma atitude também é uma atitude!!!” Pois é... Cada vez que fazemos vista-grossa para uma injustiça cometida, ou cada vez que ignoramos alguma maldade sem buscar uma possível solução, estamos ajudando a sociedade a fabricar monstros... Bulllying é um problema antigo e não acontece só em países subdesenvolvidos, mas em países ricos como os EUA, por exemplo. Quero deixar claro que uma atitude ruim não justifica outra de igual teor, ou pior. Na cabeça de pessoas injustiçadas, a vingança é um prato que se come gelado!!! No caso do Rio, o autor tinha fortes características de anormalidade, mas demosntrou muita inteligência na elaboração de sua vingança. A carta que deixou, foi escrita em liguagem elaborada e continha uns poucos erros de português. Tudo foi minunciosamente premeditado. Sua mente se focou numa vingança, mas vitimou as pessoas erradas. Todo ódio guardado durante esses anos foram despejados em outras pessoas que nada tinham a ver com os que cometeram maldades contra ele no passado. Em sua mente porém, a sociedade fabricou pessoas más e permitiu que eles o humilhassem, portanto, na sua ânsia por retaliação ele se vinga não de seus algozes, mas da sociedade...


No caso do estudante australiano, o monstro foi o garoto magricelo que o perseguiu e o humilhou durante aquelas semanas. Monstros foram todos os jovens que o perseguiram nos anos anteriores, mas culpados também foram as pessoas que fecharam os olhos para as maldades que estavam sendo cometidas contra ele. Confesso que adorei ver Haynes erguer o moleque folgado e dar-lhe aquele capote digno de cena de luta-livre. Haynes fez pouco, pois acho que se fosse eu, teria lhe dado uns bons pontapés!!!


Bullying é fruto da imaturidade. Na escola, principalmente na adolescência, os jovens estão buscando auto-afirmação a toda hora. Sofremos judiação de uns e judiamos de outros, mas quem recebe essa carga de humilhação nunca se esquece... Nunca esqueceremos as maldades que fizeram contra nós, mas outros nunca esquecerão as maldades que fizemos contra eles... Cabe a nós adultos maduros e bem-resolvidos destruir a fábrica de monstros e edificar cidadãos de bem!!!


Recentemente li Mentes Perigosas de Ana Beatriz Barbosa Silva. Gostei e recomendo, mas a gente acaba o livro com aquela sensação de que estamos rodeados de psicopatas... Em certa altura, a autora nos explica que o psicopata não se torna psicopata, mas nasce psicopata!!! Não tem cura!!! Eu creio que todos nós temos um pingo de psicopatia em maior, ou menor grau... Gosto de crer que se um indivíduo nasce com uma forte tendência psicopata, o meio em que vive influencia de maneira decisiva a questão de ele vir a manifestar ou não o lado sombrio de sua mente.


Quando sofri bullying na época de colégio, arquitetei mil e uma formas de me vingar... Confesso que tinha os meios para tanto e conhecia os hábitos de minhas presas. Pensei muito em como minha mãe ficaria decepcionada comigo e em todo sofrimento que iria causar na minha família e nas outras se desse vazão a minha ira. Pensei no meu Karma e em toda dívida maléfica que contrairia com aquela atitude tão repulsiva. Não havia meios de me vingar somente dos meus algozes. Sempre iria respingar sujeira em pessoas que não tinham nada a ver com o meu problema. A literatura e o diálogo com pessoas equlibradas me deram forças para sobreviver com sabedoria àquela fase ruim. Penso que foi graças a esses anjos que o mundo tem hoje um monstro a menos. Sobrevivi, mas não sem trazer muitas sequelas psicológicas que as vezes insistem em emergir do meu subconsciente...