sábado, 28 de maio de 2011

Sexo no Japão

Foto: Banco de imagens do Google. Tudo no Japão parece ser mais complicado do realmente é. Arranjar uma namorada por aqui não é tarefa das mais difíceis. Difícil é ter momentos de privacidade com ela. Para quem é casado por exemplo, a vida é uma correria. O marido faz muita hora-extra, a mulher trabalha fora e as vezes ainda tem as tarefas domésticas para tomar ainda mais o seu tempo e vigor... Quando os turnos são alternados, um trabalha de dia e outro de noite. Muitos casais só se vêem no final de semana.
Quem tem filhos então... Tenho um amigo que fazia as crianças brincar bastante. De noite, exaustas elas dormiam como anjinhos. Outro conhecido meu dava suco de maracujá bem docinho para as crianças. As vezes quando os filhos são grandinhos, as coisas são mais complicadas ainda.
As casas e apartamentos no Japão tem paredes de papelão e madeira. As portas de correr (fusuma) são de papelão e propagam o som facilmente.
Lembro de um amigo que dizia que é mais fácil fazer sexo com a namorada do que com a esposa.
Os namorados estão sempre inventando alguma estratégia. Qualquer oportunidade é válida para dar uma escapadinha. Os casados no entanto, geralmente sobrecarregados de responsabilidades, muitas vezes deixam o sexo esfriar, seja por excesso de trabalho e preocupação, seja por falta de clima, pois em casa as paredes tem ouvidos...
O importante no entanto é não deixar o Amor esfriar...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu falo NIHONGUÊS!!!

Foto: Banco de imagens do Google.

Quando cheguei ao Japão em Março de 1991, sabia que ia passar por algumas dificuldades e que o idioma seria uma delas. Nihongo para mim, naquela época era uma barreira que fui aprendendo a transpor. Fui criado longe das tradições japonesas e minha mãe achou por bem que eu aprendesse a falar português para que o meu desempenho na escola não fosse comprometido. Olhando para trás e analisando o panorama dos nikkeis hoje, vejo que ela agiu com certa sabedoria. Para mim a atitude dela faz sentido. Quando eu era criança, a minha mãe nem sonhava que eu iria por os pés na Terra do Sol nascente. As pequenas coisas da cultura japonesa que aprendi foram os hábitos de tomar missoshiru, comer tofu, arroz com ovo cru e shoyu e dizer gochisousama depois da refeição. Itadakimasu eu fui ouvir no Japão. Lembro-me dela falando da Batian e do Ditian. Das músicas que ela cantava. Do Hino Nacional do Japão... A música Aka Tonbo as vezes ecoa na minha memória como se ela estivesse cantando para mim.
As palavras que ouvi muito dela quando eu era criança foram Abunai e Urussai. Quando tinha 17 anos comecei a treinar Karate. Aprendi a contar e muitas outras palavras que me foram úteis na minha vida no Japão. Tive a sorte de ter um grande amigo japonês que me ensinou a conversar, ensinou a ler Katakana e hiragana. Indicou-me livros e com o passar do tempo fui começando a ficar independente. Naquela época não haviam muitos intérpretes nas fábricas e a gente tinha que se virar. Eu trabalhava com muitos japoneses e tinha um relacionamento muito bom com eles. Com o passar dos anos fui adquirindo conhecimento e busquei estudar a parte escrita também. O fenômeno dekassegui continuou e a comunidade de brasileiros no Japão aumentou exponencialmente. Notei que muitos brasileiros incorporaram muitas palavras corriqueiras de nihongo nas conversas em português. Hoje é muito comum a gente ouvir frases do tipo: “Vou ao Konbini comprar um Bentou porque amanhã estarei de Hirukin” e outras coisas.
Esse hibridismo tem suas pérolas em outras frases do tipo: “Estou Tsukaretado” e “Eu vou levar os Komimonos, quem vai levar os Bebimonos?”
Hoje consigo me expressar com relativa desenvoltura, mas os termos técnicos (Sen-mon-go) ainda me trazem certa dificuldade. Quando trabalhava em fábrica, fiz muitas traduções e posteriormente atuei por cerca de dois anos como intérprete numa empreiteira. Nesse tempo notei que existem vários tipos de intérpretes e vários tipos de dificuldades.
Existem aqueles intérpretes que falam e entendem a língua portuguesa com clareza, mas que se atrapalham no Japonês. Existem outros que falam e entendem o Japonês muito bem, mas o Português deixa a desejar. Existem ainda muitas outras variantes dessas duas primeiras.
Hoje ainda me lembro das dificuldades iniciais. Sempre que alguém precisa de uma ajudinha no Nihongo eu me predisponho a ajudar, pois nem todo mundo fala japonês por aqui. Mais que uma forma de interagir com os japoneses, Nihongo para mim é um instrumento que uso para auxiliar os meus compatriotas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Combatendo a ansiedade



Quando o livro O Segredo foi lançado, causou uma grande euforia. A autora “revelava” o mecanismo das realizações humanas baseadas na forma como as pessoas vibravam seu pensamento de maneira positiva. O segredo, como foi mostrado para as pessoas, em linhas gerais resumia-se na ação contínua do cultivo do pensamento positivo. Criar e consolidar um desejo fazendo com que ele se realize no plano material. Na teoria parece bem simples, mas não foram levados em conta todos os outros fatores que fazem parte do processo que vai permitir, ou não que o desejo se realize.


Dentre esses fatores podemos enumerar:


*Karma. Você está predestinado, ou não a receber certos benefícios;

*Coração. Sua índole boa, ou má tem papel decisivo na questão da realização de um desejo;

*Meios. Não basta apenas pensar positivamente, mas usar os meios certos para que o Universo conspire a seu favor. Trabalhar persistentemente em cima dos seus projetos fazendo com que sua mente encontre fórmulas para viabilizá-los, ao invés de esperar um milagre cair do céu.

*Segredo. Os ocultistas dizem que o segredo torna a canalização das suas energias mentais mais fortes. Ou seja, não saia por aí falando sobre os seus projetos. Compartilhe-os somente com quem tem um desejo sincero de que você os realize. Muita gente com certeza vibra contra o seu progresso, mesmo que inconscientemente.


Muita gente aplica os fundamentos do segredo em sua vida sem ter idéia de que isso é uma idéia pré-estabelecida desde a antiguidade. A sabedoria vem com a experiência e com a idade. A grande maioria das pessoas, no entanto, adquirem muito conhecimento teórico que muitas vezes não aplicam de maneira efetiva em suas vidas.


O grande terremoto da região nordeste do Japão que foi seguido de um violento tsunami abalou as estruturas econômicas do país, agravou a crise, ceifou muitas vidas e deixou uma grande nuvem negra de pessimismo pairando no ar. Esse pessimismo coletivo extremamente contagioso pegou muitos incautos e levou-os a sintonizar a idéia de que as coisas estão ruins.

Quando apresentamos uma idéia para o nosso subconsciente, seja ela boa, ou ruim, a sintonia com o cosmo já está estabelecida. Depois dessa crise tem muita gente dizendo que as coisas não estão dando certo. Que está havendo uma sucessão de eventos ruins acontecendo em suas vidas.

Aí eu me pergunto: Cadê as pessoas que dizem que aplicam o segredo em suas vidas?

O que essas pessoas não sabem é que sintonizando a idéia de que as coisas estão ruins elas mesmas estão atraindo esses contratempos para suas vidas.

Não quero aqui criar um pseudo-otimismo, mas fazer um apelo para que as pessoas mudem a sua forma de pensar. O pensamento coletivo é muito forte e se existe algo que podemos fazer de imediato é essa mudança de sintonia. Talvez o segredo não seja aplicável a todos de imediato, mas plantar uma boa semente agora é um bom começo. Quanto mais rápido iniciarmos o cultivo de boas sementes, mais rapidamente colheremos os frutos de tudo de bom daquilo que desejamos.

sábado, 14 de maio de 2011

Preconceito

Foto: Banco de imagens do Google Partindo da premissa de que somos todos filhos de Deus e que sendo assim, somos todos iguais e que Ele pode nos fazer nascer em qualquer lugar “aleatoriamente” fica a questão: Por que então existe o preconceito? Muito se fala do preconceito racial na África, nos Estados Unidos, na Europa... No Brasil, até meados dos anos 80 o preconceito era escancarado. Depois o preconceito racial passou a ser considerado crime passível de punição e indenização. Apesar de nosso país ter um espírito muito forte de democracia e a grande maioria da população estar despojada desse tipo de sentimento, o Brasil ainda possui sim uma minoria que sustenta um sentimento racista dissimulado. Infelizmente, ainda existe muita gente que não está preparada para as mudanças que o progresso traz. Mudanças de conceito, de mentalidade e de como encarar a vida em sociedade. Muita gente ainda “mede” o caráter pela cor da sua pele.
Na minha infância, presenciei muitos casos de preconceito racial, principalmente contra meus colegas negros. Nós descendentes de asiáticos por exemplo, também fomos espezinhados como se fôssemos uma raça inferior. Lembro-me de todos os comentários idiotas que escutei sobre a minha aparência física, meus olhos e a cultura de meus ancestrais. Com a mudança dos tempos as pessoas passaram a respeitar mais as origem de cada indivíduo e felizmente os jovens de hoje ostentam com orgulho suas raízes.
No Japão ainda tem muita gente que ainda menospreza os latinos, mesmo sendo nós descendentes diretos desta nação. Quando um brasileiro faz algo de ruim, o noticiário divulga largamente na TV, mas quando os brasileiros fazem algo de bom, a notícia só aparece nos veículos de comunicação latinos como os canais em português e as revistas da comunidade.
Dia desses, após a tragédia do tsunami, vi uma japonesa dizendo na TV: “No meio dos brasileiros tem muita gente ruim...” Ela referia-se aos brasileiros que estavam roubando coisas por lá. Dias depois, eu e minha sobrinha estávamos passeando no Shopping e um senhor japonês apontou para nós e disse em tom de deboche: “Vocês brasileiros se aproveitam até dos terremotos para fazer coisas ruins...” Engraçado é que não vi a imprensa japonesa falar da ajuda solidária que muitos brasileiros fizeram depois da tragédia. Ninguém falou dos envios de alimentos, água, cobertores... Ninguém falou que muitos brasileiros se mobilizaram para ajudar a amenizar o sofrimento das vítimas.
Nesses anos de Japão acumulei várias experiências desagradáveis de discriminação contra mim, mas sei que isso é coisa de uma minoria de entendimento entorpecido por um falso sentimento nacionalista. Quero crer que a grande maioria das pessoas por aqui tem bom-senso para perceber que as diferenças que vivemos são efeitos de um choque cultural.