sexta-feira, 18 de maio de 2012

Anjos existem!!!

Foto: Arquivo Particular

Quando ganhamos consciência do mundo, a gente ainda não sabe de todos os percalços que a vida nos impõe. Temos nossos pais como educadores e as pessoas que nos cercam como referência. Nasci e cresci numa família heterogênea (pais que vieram de outros relacionamentos e formaram uma nova família). Tenho um meio-irmão, um irmão e uma irmã de criação. Dificuldades a parte, minha vida sempre foi marcada por divergências de opinião e convivência problemática num lar onde eu me sentia um intruso.Conquistar um lugar em minha própria casa nem sempre era tarefa fácil. Acho que lá em casa todos nós sofremos, mas tenho consciência de tudo o que passei naquela pseudo-família. Tudo que acontecia de ruim era culpa do Denis. Se alguém fizesse algo errado e meus pais não conseguissem descobrir quem foi, pairava no ar aquele clima de acusação sobre mim. Havia muita implicância e nós, os filhos dessa família nos defendíamos uns dos outros como podíamos. Vivíamos um verdadeiro Big Brother da vida real. Muitas vezes, os outros três irmãos faziam aquela panela... Certa vez meu padrasto ordenou que ninguém falasse comigo... Minha mãe fazia vista grossa para as injustiças que eu sofria. “Tenha paciência” dizia ela... Faltou diálogo, faltou didática, faltou compreensão... Muitas vezes me revoltei porque tudo e todos eram contra mim... Então, quando me enfurecia, era taxado de ignorante. Não tinha chance de expor meus motivos e, em muitas vezes, mesmo tendo razão eles conseguiam reverter a situação e me reduzir a pó... Não foram poucas a vezes em que me senti um lixo humano. Na minha adolescência por várias vezes, tive vontade de por fim a minha vida. Fui educado num lar espírita, o que acho uma contradição a lei do Karma... Por vezes cheguei a pensar que ir para o inferno sem salvação era melhor do que viver mergulhado naquela poça de picuinhas. Hoje não culpo minha mãe pelas coisas que aconteceram, mas as sequelas psicológicas ainda não cicatrizaram. As vezes tenho pesadelos daquele tempo onde aquele menino era massacrado, humilhado, caluniado... Eu não tinha nem sequer o direito de me defender... Lembro-me que na adolescência senti uma tristeza profunda e incontrolável... Enfurnava-me em algum lugar escondido para chorar, pois não queria que meus “inimigos” tivessem o prazer de me ver chorando. Eu não sabia o que era depressão. Para a minha família ignorante depressão era coisa de gente fresca.
Dia desses, li um trecho de um livro singelo chamado Minutos de Sabedoria. “...Deus envia os homens para ajudar os próprios homens...” dizia o capítulo que eu lera. Muita gente usa esse livrinho como uma espécie de oráculo. Esse trecho me fez lembrar de um anjo que Deus enviou para me guiar pelos caminhos tortuosos da vida que passei na juventude. 
Até hoje ainda me lembro de quando o conheci. Eu estava na quinta série do ginásio e aquele homem magro  de estatura mediana e de voz suave adentrou a sala. Seu nome eu nunca mais esqueceria: Luis Antonio Coracini. Tinha um sotaque do interior paulista e uma simplicidade que lhe eram peculiares. Estava sempre de calça e camisa social numa atitude de seriedade com a função que exercia. Dali até a oitava série ele foi nosso professor de Português e Inglês. Nos horários de intervalo, quando ele não estava ocupado, gastava seu tempo conversando conosco, os meros alunos... Em toda a sua simplicidade, ele discorria sobre os mais variados assuntos revelando-se uma pessoa extremamente culta. Falava com a gente sobre cultura, esportes, música, religião e um monte de coisas interessantes. Passei então a cultivar esse hábito de conversar com ele. Ele sempre tinha coisas bacanas para falar. Tornou-se o amigão da turma. Jogava bola com a gente. Trazia informações sobre cursos e palestras. Certa vez, ele veio com o carro abarrotado de livros e distribuiu para a escola toda num gesto de carinho e como um incentivo a leitura. Nunca ouvi uma palavra ofensiva saindo daquela boca. Nunca ouvi ele proferir um palavrão sequer... Sempre soube controlar o ímpeto da turma chamando nossa atenção, quando necessário.... Nós o respeitávamos, pois ele tinha algo que muita gente não consegue conquistar: Respeito.
Ele sempre se mostrou uma pessoa equilibrada, mesmo nos momentos mais críticos. Sua conduta sempre foi impecável. Como qualquer pessoa, ele não conseguiu agradar todo mundo, mas ele até hoje mora em nossas mentes. O professor Luis sempre vai ser o mais lembrado, o mais venerado...
Esse Anjo que Deus colocou na minha vida lá no começo nem imagina o quanto suas palavras amigas e seus bons conselhos me ajudaram a suportar a barra que foi a minha fase de adolescente. Ele representa para mim uma referência, um ícone, um exemplo... Se não fosse ele, talvez eu nem estivesse mais aqui hoje.
Agradeço a Deus sempre por ter enviado esse homem iluminado para me guiar. Professor Luis, que Deus o ilumine sempre, meu Amigo de Fé e irmão de espírito!!!  



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pequenos “luxos”

Foto: Arquivo pessoal (STK)

Primeiro gostaria de me desculpar por não ter postado no mês de Abril. Putz... Sabe como é... Mudança, bagunça para arrumar, trabalho, estudo e muitas outras coisas mais que são de minha responsabilidade resolver. Tem horas que tudo que eu desejo é um pouco de Paz.
Tem alguns momentos da vida em que começamos a nos questionar o verdadeiro sentido de estarmos sobre a face da Terra. Para alguns, essa questão torna-se a pergunta que não quer calar... Já passei por vários desses momentos de reflexão e ainda não tenho uma resposta que eu julgue convincente. Por mais que as coisas na minha vida tenham andado para frente, mesmo que de maneira árdua e gradativa, mesmo sentindo-me de certa forma confortável, sinto como se o meu tempo estivesse em contagem regressiva. Será que não está? Muitas vezes, pergunto-me se vale a pena gastar a vida fazendo sacrifícios, sendo que o melhor da vida é viver e esse ato de viver vai sendo deixado de lado ano após ano... E quando acordamos e enfim podemos nos dar ao luxo de viver, percebemos que não poderemos desfrutá-la com toda plenitude, já que a velhice nos impõe severas restrições que vão se agravando ainda mais com o passar do tempo.
Nesses últimos anos, estive tão preocupado em trabalhar, que esqueci de viver... Tirando o ano de 2010 que passei no Brasil, já faz um tempo em que ando mergulhado em trabalho. Em prol de conquistar uma vida melhor, privei-me de muitas coisas e vivi provisoriamente nos dois países. Quando estava no Brasil, não comprei móveis e nem fiz muita questão de estruturar minha vida doméstica, afinal tinha que me centrar na vida que eu levava no Japão. No Japão não comprei móveis e nem me dei ao luxo de alguns confortos básicos porque tinha planos de voltar ao Brasil. São duas décadas vivendo provisoriamente e desconfortavelmente. 
Hoje sinto que penei por uma boa causa, mas sei que se tivesse me programado melhor, teria trilhado esse caminho de maneira menos sofrida.
Hoje muitos dos meus amigos da época do colégio estão formados e com suas respectivas carreiras. Trilhei caminhos diferentes, mas estou relativamente feliz com o desenrolar das coisas... Sei que esse grau de Felicidade ainda é ínfimo perto do que realmente desejo, mas o que eu quero não é muito... O que aspiro é um lugar para morar onde eu possa tocar nas árvores e ouvir o canto dos pássaros... Respirar o ar puro das manhãs e olhar o nascer do sol e seu crepúsculo... Ter muito espaço para receber os parentes e amigos para um churrasco e poder desfrutar da companhia deles sem medo do barulho incomodar a vizinhança... Ter um lugar onde meus amigos estacionem o carro sem a neura de pensar se os bandidos estão roubando, ou se a polícia está multando... Poder reunir as pessoas que amo em alegres reuniões familiares e desfrutar de boa comida, boa conversa e boas lembranças... Meu Deus... Meu pedido parece tão simples, mas no momento parece tão distante...
Tem dias em que tento desacelerar... Largo tudo e vou tomar café, conversar com pessoas interessantes (STK), vou nas livrarias, nos parques... A simplicidade de momentos de contemplação da natureza me acalma e me faz perceber que a vida é bela... Nós é que a tornamos complicada... A Primavera estava muito bonita neste ano. Especialmente para mim que estou redescobrindo a Alegria adormecida dentro da minha alma. Quando estamos neste estado “nirvânico”, mesmo os dias chuvosos e nublados tem um sabor e uma poesia diferente. as vezes é preciso que alguém nos acorde para esses pequenos detalhes que criam melhorias gigantescas em nossas vidas! 
Obrigado meu Deus por todas as coisas boas que eu enxergava e por todas as coisas boas que passei a enxergar!!! Acho que o excesso de trabalho deturpou os meus sentidos, mas o lado bom de tudo isso é que sinto que ainda há tempo de correr atrás e recuperar muita coisa do que foi perdido. Como disse um sábio: “Uma grande jornada começa pelo primeiro passo...”