segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Solidariedade do Brasileiro

Foto: Banco de imagens do Google

Por causa da correria, com o tempo passei a postar em média, uma vez por mês neste modesto blog, mas não consegui ficar calado com a tragédia que aconteceu em Santa Maria-RS. Mais uma vez o brasileiro mostrou a sua solidariedade e produziu um fenômeno dos tempos modernos: Uma comoção generalizada que se espalhou pela internet e ganhou o mundo. 
Isso me fez lembrar da tragédia do último terremoto seguido de tsunami que houve por aqui. Muitos brasileiros se mobilizaram via internet para alastrar informações e mensagens de solidariedade. Muitos brasileiros se mobilizaram de maneira prática para enviar mantimentos, água e roupas para as vítimas. Meu Coração se enche de orgulho quando vejo meus compatriotas dando esses exemplos de solidariedade ao mundo...
No Brasil, apesar de todas as nossas mazelas, em momentos críticos como esse, nosso povo se mostra mais humano, mais solidário e mais caloroso.
Como cidadão que vive fora do Brasil, tenho que expressar o meu respeito pelas famílias e amigos das vítimas e postar as impressões que tenho neste momento. Apesar de não estar totalmente por dentro dos acontecimentos e, acho que ninguém saiba ao certo tudo o que aconteceu no interior da casa noturna, tenho acompanhado as notícias e, como blogueiro, crítico ferrenho da sociedade, tenho que fazer as minhas ressalvas.
Apesar do imenso volume de manifestações de solidariedade, uma minoria de espíritos-de-porco ainda se dão ao trabalho de fazer comentários desnecessários, ou fazer piadas idiotas sobre a tragédia... Repórteres talvez sejam os mais cruéis profissionais em ação. Muitos ainda tem a audácia de fazer aquela famigerada pergunta: “O que o Senhor está sentindo nesse momento?” Sei que em nome da informação, esses profissionais tem que estar nos locais onde as coisas acontecem e informar o telespectador, mas há a necessidade explorar a dor dos que ficam? Imbecis de plantão, desocupados da internet e repórteres parecem tripudiar em cima do sofrimento alheio.
Noto que muita gente está se mobilizando em prol de produzir alguma ajuda de forma consistente. Aqueles que não podem fazer nada, ao menos ajudam na divulgação de informações e nas orações. As circunstâncias nos mostram que as redes sociais como o Facebook podem ser úteis em momentos como esse. Não existem instrumentos ruins. A faca é um instrumento útil, pode ser boa, ou ruim, dependendo da forma como a usamos. Divulgar, ou compartilhar uma informação via Facebook pode parecer uma atitude simples, mas essa mesma informação pode ser decisiva para alguém.
Na hora que acontece uma desgraça, a tendência é buscar um culpado, mas de quem será a culpa? Prenderam o dono da casa noturna. Será ele o culpado? As circunstâncias (e não eu) dizem que em parte, sim, pois houve negligência ao não se observar as regras BÁSICAS de segurança. Que regras? Bem, vamos explicar: 

  • Um recinto que abriga um grande número de pessoas tem  OBRIGATORIAMENTE que ter, além da entrada convencional, outras saídas de emergência.
  • Sistemas e dispositivos anti-incêndio deveriam ser instalados em vários pontos no local e sua manutenção deveria estar em dia. Esse ítem poderia ter controlado o fogo no início.
  • Os funcionários do estabelecimento deveriam estar sempre alertas e treinados para lidar com situações como essa.
Prenderam dois integrantes da banda que estava se apresentando. O fogo foi causado por faíscas durante uma “performance”pirotécnica. A culpa foi deles então? Em partes, visto que não se usa fogo, ou produtos que produzam faíscas em lugares fechados. A impressão que tenho é que faltou bom-senso.
Se a culpa não é toda deles, então de quem é?
Nesse momento, muitos estão cobrando as autoridades para achar um culpado. Temos que tomar cuidado para não jogarmos um bode expiatório na guilhotina. Na verdade, a culpa deverá ser dividida entre a direção da casa noturna, pela negligência e pelos rapazes que iniciaram (acidentalmente) o incêndio. A história todo mundo já conhece: Processo e pena por homicídio culposo (sem intenção), cabendo recurso. Fico me questionando se as autoridades não vão levar parte da culpa, afinal, se tivéssemos normas de segurança para o funcionamento desses estabelecimentos, e mais, se as normas já em vigor fossem devidamente cumpridas mediante fiscalização rígida, talvez essa desgraça não tivesse acontecido.

Mais uma vez, aos familiares e amigos das vítimas, o meu sentimento. 

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” 


Mateus 11:28



























sábado, 26 de janeiro de 2013

Buscando Forças

Foto: Banco de imagens do Google
Não sou nenhum aficionado pela Bíblia, mas gosto de muitos trechos. Quando era criança, ali pelos 8, ou 9 anos, não me lembro, li a Bíblia do começo ao fim. Evidentemente eu, em tão tenra idade não tinha maturidade suficiente para compreender a profundidade do seu conteúdo. Muita gente usa a Bíblia como um oráculo. Outros a usam como uma diretriz de suas vidas. Para mim, a Bíblia, naquela época me serviu para compreender melhor o mundo que me cercava. As pessoas sempre falavam de passagens bíblicas, ou faziam alguma analogia com alguns trechos. Inicialmente a questão de saber quem foi Jesus e o porque de Ele ser tão citado me despertava um grande interesse. Sem dúvida Jesus foi alguém muito importante. Tinha um grande carisma e muita sabedoria. Sua mensagem de Amor, Fé, Paz e tolerância ecoa até hoje, dois mil e tantos anos depois. Uma pena alguns homens terem distorcido seus ensinamentos e a sua mensagem.
Gosto muito dos célebres Salmos 23 e 91. Tenho passado momentos difíceis e encontro forças no apoio dos Amigos e em palavras que, quero crer, foram inspiradas pelos mensageiros de Deus. 
Viver no Japão é estar inicialmente preso... Voluntariamente... Chegamos aqui pelas nossas pernas, mas com o tempo, percebemos que estar aqui, por vezes é contra nossa própria vontade. A frase acima é um pouco contraditória, mas é o que sinto e, acho que muitos dos meus compatriotas também  sentem. Muitos de nós viemos para o Japão atrás de melhores salários para criar a perspectiva de uma vida melhor lá na frente. Algumas vezes, entra ano, sai ano e parece que remamos muito e não saímos do mesmo lugar. Para economizar dinheiro e criar perspectivas, muitas vezes temos que abrir mão de muita coisa. De estar no Brasil, por exemplo. Para quem tem filhos, economizar é uma missão árdua. As contas chegam todo mês, independentemente de estarmos trabalhando, ou não.
Bem... Trabalho desde os oito anos. Isso mesmo! Desde os oito anos e a minha vida sempre foi baseada em trabalho. Venho de uma família heterogênea de seis pessoas: Meu padrasto, minha mãe, meu irmão mais velho de criação, eu, minha irmã mais nova de criação e meu meio-irmão filho da minha mãe e do meu padrasto. Apesar de todo o trabalho, as coisas em casa sempre foram muito difíceis. Eu sei o quanto é difícil ganhar a vida... Quando minha filha nasceu, eu prometi para mim mesmo que nunca iria faltar nada para ela. A minha vida de trabalho continuou, mas ia chegar um dia em que eu não poderia pagar-lhe bons cursos, e nem uma faculdade. “Eu passaria fome ao seu lado, mas queria que você estivesse aqui comigo...” São lindas palavras para uma pessoa que cresceu dentro do Romantismo. Para mim, que cresci dentro do Realismo a coisa é um pouco diferente. Para minha filha é difícil entender o meu ponto de vista. Ela nunca passou necessidade. Para mim, a vida dura que tive me ensinou que as coisas não caem do céu... Tenho levado muitas pancadas da vida, mas o desprezo de minha filha com relação a mim, talvez tenha sido o golpe mais duro até agora. Talvez um dia, quando ela sair para o mundo e enxergar todo o esforço que fiz, então ela poderá reconhecer que teve um pai que estava distante, mas nunca ausente. Por enquanto quero simplesmente dizer que apesar de toda a tristeza que estou sentindo, de todos os tombos que tenho levado e de todas as dificuldade que tenho enfrentado a escolha de vir para o Japão foi minha, mas permanecer aqui foi fator ditado pelas circunstâncias.

“Mil cairão ao teu lado e dez mil à tua direita, mas tu não será atingido.”
                                                                                            Salmos 91:7