domingo, 19 de maio de 2013

Valsa Negra

Foto: Banco de imagens do Google

Pessoal, espero que me perdoem por sair um pouco de assuntos pertinentes ao Japão. Estou aproveitando para ler bastante e postar minhas impressões e os respectivos resumos críticos das obras para a faculdade. Assim, vou postar no blog também para compartilhar as minhas impressões com vocês. Aproveito para sugerir também, que conheçam o trabalho da escritora Patrícia Melo. Uma autora jovem, inteligente e com um estilo inovador.


Atividade: Leitura
Livro: Valsa Negra, 2003 – Companhia das letras
Autora: Patrícia Melo

Valsa Negra conta a estória de um bem sucedido maestro e seu ciúme obsessivo pela esposa.
No romance, a autora não cita seu nome em momento algum, portanto, vamos chamá-lo simplesmente de maestro. Narrado em primeira pessoa, a trama gira em torno do maestro e sua relação conturbada com as pessoas que o cercam. Ambientada nos palcos e bastidores de grandes orquestras, a estória mostra todos os sentimentos mais humanos e cruéis que uma pessoa atormentada pode gerar. Casado com Marie, uma mulher linda, trinta anos mais jovem e de família rica, o maestro sente-se deslocado da família da esposa pelo fato de não ser judeu. A comunidade judaica mantém suas tradições como o idioma e costumes, além de se manter informada sobre o dia a dia em Israel. Esse nacionalismo protuberante somado às manifestações avassaladoras de ciúmes do maestro acabam por agravar a situação entre ele e a família da esposa.
Egocêntrico, perfeccionista e intolerante, o maestro muitas vezes se excede ao chamar a atenção de seus músicos (Marie entre eles). No decorrer dos acontecimentos, a personagem central passa da desconfiança para a paranoia e dali para a obsessão. Seu estado mental e sua agressividade pioram exponencialmente. Tudo acontece num ritmo frenético onde o maestro passa a perder a Paz e busca de todas as maneiras monitorar os passos da esposa. Seu trabalho passa a ser prejudicado, seu prestígio cai, as pessoas à sua volta se afastam e finalmente Marie se separa. Mergulhado nessa vida infernal, ele acaba por se suicidar.

Quando conheci o trabalho de Patrícia Melo através da obra “O matador”, fiquei surpreso com seu estilo inovador e seu ritmo imposto pela pontuação, o que resulta numa leitura dinâmica e prazerosa. Em Valsa Negra, Patrícia nos presenteia com o mesmo estilo e o mesmo ritmo alucinante, com a diferença que a obra em questão foi muito mais bem elaborada. Ela nos desvenda o sofisticado mundo das orquestras, da comunidade judaica, do conflito no Oriente Médio e nos fala principalmente de temas muito humanos como o sentimento de ciúmes, posse, desejo, ódio e frustração. São temas muito atuais e o cenário foi muito bem estruturado, onde Patrícia Melo desenrola habilmente sua trama, fazendo-nos olhar para a vida e para as pessoas através de uma ótica mais crítica. Uma das características da autora que marca a obra é a versatilidade no uso do tipo de linguagem, onde ela penetra no íntimo de suas personagens e, conforme a situação insere palavras consideradas chulas. Em outras vezes, ela nos brinda com belas expressões. Essa liberdade em compor pensamentos e diálogos nos dá a impressão muitas vezes clara de que, apesar das palavras usadas não serem bem aceitas por muitos críticos, linguisticamente me soa como as mais adequadas para as situações mostradas, visto que Patrícia consegue nos introduzir na estória e nos fazer perceber toda a cinestesia presente em suas palavras.
A obra analisada talvez não agrade aos mais pudicos, pois para apreciá-la devemos lê-la com a mente aberta, aceitando o estilo da autora e toda a sua liberdade de expressão. Todo o rico conteúdo da trama revela uma forte pesquisa que nos remete a uma grande sensação de veracidade. Ao ler o livro temos a nítida sensação de que, apesar de ser uma obra ficcional, Valsa Negra derrama sobre nós uma enxurrada de sensações verdadeiras. A obra concebida é incrivelmente próxima à realidade.
Tive o prazer de ler, gostei e recomendo.    

domingo, 12 de maio de 2013

Memórias sexuais no Opus Dei

Aqui mais um resumo crítico de livro para a Faculdade. (estou correndo, pois o prazo para as postagens do primeiro Bimestre termina hoje, rsrsrs).

NOTA: O resumo crítico transcrito abaixo foi elaborado de acordo com o livro Memórias sexuais do Opus Dei. Quero deixar bem claro que trata-se de um trabalho acadêmico e que não tomo nenhuma posição contra, nem a favor dessa, ou de qualquer outra organização religiosa. O trabalho foi desenvolvido em cima dos fatos narrados pelo autor e, com base nesses fatos, teci meus comentários e críticas. Como estudante de ciências humanas, é minha obrigação ter senso crítico e fazer minhas análises sobre os fatos narrados e compará-los com as referências históricas.

 Atividade: Leitura
Título: Memórias sexuais no Opus Dei (Panda Books, 2006)
Autor: Antonio Carlos Brolezzi

Contado em primeira pessoa, Memórias sexuais no Opus Dei é mais do que uma narrativa comovente, mas expõe de maneira clara, os artifícios de dominação usados por essa organização religiosa. O livro, pode-se dizer de passagem, chega a ser uma denúncia sobre as coisas que acontecem com os membros do Opus Dei (do Latim: Obra de Deus).
O autor, ex-membro da citada organização, narra sua trajetória desde seu ingresso no Opus Dei, até sua saída, que culminou em sua volta ao seio da família.
Nas entrelinhas, o Opus Dei “atrai” jovens teoricamente capacitados intelectual e financeiramente. Ao ingressando é mostrado um mundo de amor, onde Deus o “convoca” para uma grande missão. Com esses argumentos, cria-se um afastamento da família, o que afirma ainda mais os laços de dominação. Na “obra” como os membros do Opus Dei chamam a organização, a família é relegada a um segundo plano. A Família a partir do ingresso do indivíduo são a organização, as atividades e os membros.
Ainda, segundo revela o autor, há uma espécie de censura, onde toda literatura deve passar pelo crivo dos superiores antes de um numerário ler. Isso impede que os membros leiam coisas que possam ir contra a doutrina. Caso o numerário tiver que fazer um trabalho escolar, ou desenvolver uma pesquisa, deverá apresentar a literatura para aprovação prévia.
A dominação se reforça também na idéia de que não se deve esconder pensamentos e ações “impuras”. A organização doutrina os membros de forma que todos devem fazer uma confissão diária. Todo e qualquer “pecado” deverá ser confessado para que o numerário não se torne um membro impuro. Assim, os superiores podem monitorar cada membro. Castidades como o silício e chicote são usadas para conter o ímpeto sexual e os pensamentos. O autor cita a vergonha de entrar numa fila de confessionário para dizer que havia se masturbado na noite anterior. O domínio sobre cada membro se reforça através desse tipo de monitoramento e a sensação de culpa torna-se um carrasco, visto que para que haja uma redenção, deve haver uma confissão e a expiação através da auto flagelação. Segundo o autor, o Deus que o Opus Dei mostra é cruel e insensível com as “fraquezas” humanas.
O autor dá a entender que desperdiçou muitos anos de sua vida numa organização que só o explorou, subjugando e fazendo-o de marionete. Desses anos de terror, humilhação, tristezas e saudade dos familiares, Brolezzi ficou alienado do mundo e da sociedade. Trouxe do “cativeiro,” como ele mesmo designa o tempo em que foi numerário, muitas seqüelas na mente e na alma.
Quando pediu seu desligamento, seus superiores o demonstraram grande frieza, tratando-o como um traidor, o que o fez definir a organização como uma seita que usa seus membros como ferramentas descartáveis. De certa forma, o que vemos nas entidades religiosas de hoje, pode servir de ponta para uma analogia, onde o Opus Dei usa de recursos sutis, mas eficientes de dominação.

Visita ao Museu do Automóvel Toyota

Fotos: DJN (I-fone)

Aqui vai mais uma atividade complementar para a Faculdade:


Atividade Cultural: Visita ao Museu do Automóvel Toyota
Data: 12 de Maio de 2013

Localizado na província de Aichi, na cidade de Nakakute, o Museu do Automóvel Toyota conta um pouco da história dos automóveis, da região e de épocas que viram a evolução automotiva decolar com o desenvolvimento da tecnologia.

Visitei o site do museu e parece que os preços foram atualizados. No site o preço da entrada para adulto é de 1.000 Ienes, mas hoje paguei 500 Ienes. Estudantes pagam 300 e pessoas acima de 65 anos pagam 250 Ienes. Para se ter ideia de como esse valor é baixo, pela estrutura oferecida e pela importância que o museu representa, uma garrafa de água mineral custa 150 Ienes. A entrada para adulto custa mais ou menos o valor de 3 garrafinhas de água.
O prédio do museu é arquitetonicamente novo e tem linhas modernas. O interior tem uma luz suave para proteger os itens expostos e é totalmente climatizado.
Muitos dos carros que estão em exposição provém não somente de marcas japonesas, mas de outras marcas, visto que muitos desses carros foram importados, ou vieram para o Japão no tempo da guerra, como é o caso dos off-roads de guerra americanos. Há também carros esportivos e de passeio da Mercedez Benz, Cadillac e Jaguar.

Existem ainda, modelos muito rústicos, com funcionamento bem primitivo, onde a tração é feita por correntes, sistema semelhante ao das motos e bicicletas.

Ao observar os detalhes, podemos perceber que nos carros mais antigos, há um compartimento onde eram colocadas velas para iluminar o caminho durante a noite. Podemos concluir que esses carros não eram providos de bateria, ou qualquer outro sistema elétrico.
Muitos desses veículos serviram à elite de suas épocas, visto que eram suntuosos, espaçosos e possuíam separações bem delimitadas entre o chofer e os passageiros. Observando as características desses carros notamos que as pessoas comuns não tinham acesso a esse tipo de transporte. Alguns foram usados por chefes de estado e aristocratas.
Analisando a história e absorvendo minunciosamente as impressões obtidas no museu, podemos perceber com riqueza de detalhes que os automóveis não representam apenas a mera evolução da carroça. Esses veículos foram concebidos de forma a substituir a força animal e auxiliar o homem no trabalho de transportar pessoas e mercadorias. Também deram mais autonomia e agilidade ao ato de ir e vir, o que acelerou o processo de desenvolvimento das civilizações. Trouxe glamour e status aos seus proprietários e gerou uma grande indústria que impulsionou e impulsiona até os dias de hoje vários setores da economia japonesa, como a geração de empregos, o comércio e produção de matéria-prima, a produção de peças, o comércio de automóveis e seus produtos e serviços agregados, como a produção e venda de acessórios, peças de reposição e assistência técnica. O mercado automobilístico também exporta um grande volume de veículos para a Europa, China e Estados Unidos. Como resultado final desse gigantesco mecanismo, a indústria automobilística gira um grande capital e contribui para o fortalecimento econômico do país e, consequentemente gera mais estabilidade e poder financeiro aos seus empregados.
O museu tem um acervo rico em veículos, mas tem outros itens como produtos de época, cartazes, fotografias e literatura automobilística. Além das facilidades como restaurante, cafeteria, espaço Kids e loja de presentes e souvenirs.

Para o visitante mais atento, passar algumas horas no Museu do Automóvel Toyota é uma viagem no tempo, onde pode-se vivenciar de perto carros e objetos que transmitem impressões que não são percebidas por fotografias. A sensação de estar diante de elementos que foram trazidos de outras épocas é única. Cada item que compõe a exposição conta-nos uma história. A visita ao museu também nos traz uma aquisição de bagagem histórica e cultural e faz-nos perceber a importância dos carros e sua evolução e, da indústria automobilística não só para a região, mas para todo o país.
Para quem espera encontrar os mais novos bólidos da marca, o melhor é esperar o Salão do Automóvel, pois o museu trata principalmente de guardar referências (importantes) do passado. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Análise da Animação Frankenweenie

Foto: Banco de imagens do Google

Aproveitando as minhas atividades complementares da Faculdade, vamos postar aqui a análise do Filme Frankenweenie. Afinal, assistir filmes na net, no cinema, ou em DVD é diversão universal!!!


Produzido pela Disney e dirigido pelo genial Tim Burton, Frankenweenie é não somente uma estória comovente sobre um menino e seu cãozinho, mas também um deleite para os amantes do cinema. A animação foi toda rodada em Preto e Branco para aumentar o clima tétrico e sombrio, bem ao estilo de Tim Burton. A fotografia belíssima abusa do jogo de luz e sombra e dos efeitos 3D, propiciando imagens fantásticas. Com um toque gótico, o diretor consegue transformar uma noite no cemitério em um cenário de rara beleza.
O enredo se desenrola na cidade fictícia de New Holland, onde Victor, um menino aparentemente normal vive com os pais e seu estimado cãozinho Sparky. Victor, um garoto dotado de extrema inteligência, adora as aulas de ciências e nutre uma grande admiração pelo professor.
Com a perda inesperada de seu cãozinho num acidente, Victor, inconsolável e obstinado, desenvolve um procedimento baseado nas explicações e teorias ministradas nas aulas de ciências. Secretamente, ele consegue fazer seu animalzinho voltar a vida. Toda criança que já teve algum animal de estimação, já teve essa fantasia. Com a feira de ciências prestes a acontecer, os colegas de escola de Victor descobrem seu segredo e roubam os relatórios dos procedimentos desenvolvidos por ele. Posteriormente, refazem as experiências em outros animais mortos produzindo monstros, aterrorizando a cidade e causando um grande caos.
Neste ponto, há uma mensagem implícita, onde o diretor insinua nas entrelinhas que Victor foi bem sucedido em sua experiência, pois realizou-a com Amor e entusiasmo. Os outros garotos realizaram suas respectivas experiências visando somente o primeiro lugar na feira de ciências.
No final, Victor e Sparky conseguem salvar a cidade dos monstros, mas Sparky acaba morrendo novamente. Comovidos, os cidadão unem-se e ligam as baterias de seus carros no cãozinho e conseguem revivê-lo.
Frankenweenie, como o nome sugere, segue um roteiro ao estilo Frankenstein, onde um cientista, através de procedimentos especiais, consegue reanimar criaturas mortas. A fórmula é antiga, mas o contexto é totalmente novo. Tim Burton conseguiu inserir numa estória comovente um ar de filme de terror, mesclado com aventura, misturando ingredientes bizarros sem, no entanto, afetar a parte emotiva e encantadora das personagens centrais.
Como sempre comento, para nós brasileiros, falantes da língua Portuguesa que moramos no Japão, assistir a filmes dublados em japonês não tem o mesmo sabor, mas a obra em si, é um conjunto de ingredientes unidos de forma tão meticulosamente harmoniosa que o resultado é surpreendente. Para os fãs do gênero e para os cinéfilos de plantão é uma boa dica de entretenimento.
Assisti, gostei e recomendo!