sábado, 19 de outubro de 2013

O significado da palavra EDUCAÇÃO

Foto: Banco de imagens do Google

Vivendo no Japão a gente perde a noção do tempo e acaba por se desacostumar com questões sérias do dia a dia. Questões como a violência, o vandalismo, a corrupção... Tudo isso flui da internet nos dando um choque de realidade aqui no outro lado do mundo.
Semana passada, um vídeo que se tornou viral na internet chocou a mim e a tantas outras pessoas pelo mundo afora. O caso da tentativa de assalto que acabou frustrada por um policial que estava passando na hora e que impediu a ação do bandido foi assunto até na mídia japonesa.
Para as poucas pessoas que não viram o vídeo, segue o link:
http://www.youtube.com/watch?v=ABvd4rZ1sqE

Abaixo o link da chamada no noticiário japonês:
http://www.youtube.com/watch?v=y2Zy35xCsMw

A que ponto que chega a desonestidade. Tomar bens alheios que foram comprados com o sacrifício de trabalho honesto. Tenho uma posição firme e opinião formada com relação a esse tipo de coisa: Ladrão, assaltante e vagabundo não deveriam ir para a cadeia... Para quê? Para a família dele ser sustentada pelo auxílio reclusão que o governo paga com o dinheiro que nós injetamos nos cofres públicos na forma de impostos diversos? Para ele ser mais uma boca na escola do crime que o cidadão sustenta? Sim... Os presídios hoje são a escola do crime. O sujeito entra lá, associa-se na cooperativa do crime, as famílias pagam uma taxa para esse “sindicato” que torna-se cada dia mais forte. Todas as despesas geradas por um detento são pagas pelo Estado que tira esse dinheiro de onde mesmo? Do bolso do cidadão honesto e que paga seus impostos!!!
Essa legião de vagabundos deveria pagar suas despesas com trabalho. O sistema prisional necessita de uma reforma, para que o indivíduo saia de lá capacitado a se reintegrar na sociedade. Há um grande desperdício nos anos em que esses elementos passam aprendendo coisas ruins, ao invés de se instruírem e aprenderem uma profissão.
Um dia ouvi uma frase, que não me lembro a autoria:
“...se esses homens conseguem cavar túneis com uma colher, imagina o que fariam com uma pá!!!”
O problema da criminalidade não é de hoje, mas está se agravando cada vez mais por duas causas que são as matrizes de todas as mazelas do nosso país: 

  • A corrupção;
  • A falta de Educação.

A corrupção começa no próprio sistema, que foi modelado de maneira a pagar salários e benefícios absurdos aos nossos políticos. Na imunidade parlamentar e na certeza da impunidade. Na lentidão e na burocracia do sistema, que demora a condenar, mas que, quando condena, abre brechas em seu código para se recorrer e assim ficar empurrando o processo com a barriga. Na certeza de que tudo vai terminar em pizza... A corrupção é a mãe de todas as outras desgraças do nosso país. O dinheiro em quantidades vertiginosas que vai para o bolso de pessoas sem escrúpulos  faz falta na Educação, na saúde, na segurança, no bem-estar social e no saneamento!!!
Na outra ponta dessa fogueira temos a falta de Educação, que é uma chama que cresce a cada dia e que pode acabar por dizimar a lenha da sociedade.
A palavra Educação (com “E” maiúsculo mesmo) tem um significado muito mais amplo do que esse que estamos acostumados a entender. Ela engloba não só as questões de formação  escolar e acadêmica, mas também a formação do caráter dos nossos cidadãos. Educação começa em casa, no ensino dos valores que são as diretrizes de uma sociedade decente. Educação é o conjunto das coisas boas que aprendemos com a família somado a todos os conhecimentos que adquirimos no decorrer de nossa vida escolar e porque não dizer no decorrer de toda uma vida. 
Voltando ao caso do assaltante, teve gente esclarecida que chegou a dizer: “...ele é uma vítima da sociedade, que não lhe deu chances...”
Desculpem-me o pessoal (muitas vezes babaca) da defesa dos direitos “humanos”, mas dou o meu apoio quando se trata da defesa legítima dos Direitos Humanos, mas culpar a sociedade pela atitude  daqueles que preferem o caminho mais “fácil” é inadmissível. 
O sujeito não estava passando fome. Eles tinham uma moto, provavelmente roubada, tinham dinheiro para comprar gasolina, corrente, bermudas bonés e moletons... Tinham disposição para roubar, então certamente tinham condições de trabalhar honestamente também!!!
Voltando agora ao assunto Educação, a importância dela se manifesta muito fortemente neste ponto: Pessoas honestas e decentes que mesmo passando por dificuldades, nunca abandonam seus valores morais. Conheço gente que mora na favela, trabalha e estuda. Batalha por um futuro melhor sem optar pela vida do crime. O Brasil vai entrar para o nível dos países de primeiro mundo quando conseguirmos controlar a corrupção e valorizarmos mais a Educação. É mais desejável investir em escolas do que em presídios.

domingo, 6 de outubro de 2013

Escolas brasileiras no Japão

Foto: Banco de imagens do Google

Quando comecei a fazer faculdade no Japão, não contava com o período de estágio obrigatório que teria que cumprir. Caso eu trabalhasse em fábrica, teria que dar um tempo no trabalho e partir para o estágio. Talvez fazer o estágio no Brasil na pior das hipóteses. Para o meu desespero, haviam duas grandes barreiras: 1- Conciliar o trabalho que exerço com os horários de estágio. 2- A falta de instituições brasileiras de ensino no território japonês.
Tentei em algumas escolas da minha região e as portas finalmente se abriram para mim na rede ESCOLA ALEGRIA DE SABER. Aproveito a oportunidade para agradecer a diretora na pessoa da professora Conceição Aparecida Matoba que tão gentilmente permitiu que eu faça o estágio na unidade de Hekinan. Obrigado à professora Kerli Nagahama de Português e ao professor Augusto Aguiar de Inglês por toda a paciência e apoio. Estendo também meus agradecimentos aos outros professores: de matemática, informática, ciências, artes e japonês pelo companheirismo, respeito e gentileza com que me tratam.
Bem... Fazia muito tempo que não pisava numa escola. A última vez que entrei num ambiente educacional foi em 2005, quando obtive a licença do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo (CREF) para ministrar aulas de Karatê. Na época, dei aulas de Karatê no Colégio Paulo Freire (Jardim São João) e Colégio Vitoreli (Parque Estela), ambos em Guarulhos. Foi uma experiência de vida muito bacana e que marcou muito.
Hoje, quase uma década depois, sinto novamente aquele friozinho na barriga ao encarar uma experiência totalmente nova em minha vida. De certa forma viajo e em alguns momentos volto no meu tempo de estudante. Reparo em muitas coisas que sempre existiram nas escolas: As picuinhas, os bons amigos, as amigas que não desgrudam, os bagunceiros, os aplicados, a turma do fundão, os que esquecem as apostilas em casa... As vezes me dá uns flashbacks e me vejo na escola onde estudei. Lembro-me dos meus queridos professores e de muitos episódios que marcaram de maneira profunda na minha memória.
As vezes fico rindo sozinho quando lembro das típicas perguntas que os alunos fazem:
"...é para copiar? vai cair na prova? vale ponto? é para resolver tudo?..."
Escola brasileira no Japão é um desafio para a direção, para os pais e principalmente para os alunos. Somos brasileiros aprendendo coisas fundamentais do ensino acadêmico, mas estamos deslocados do nosso habitat natural: O Brasil. No caso da Escola Alegria de Saber, o material didático é muito bom. As apostilas do sistema COC são as mesmas usadas no Brasil e aliam o ensino de matérias elementares unindo assuntos atuais e de relevância social, como meio ambiente e vivência em sociedade. A escola é bem estruturada e as dependências são bem cuidadas. Confesso que me surpreendi com tudo, pois é tudo muito diferente daquela imagem distorcida que eu tinha das escolas brasileiras no Japão. O desafio é ensinar coisas do Brasil para brasileiros que vivem fora dele. Muitos alunos não estão por dentro do panorama sócio, político e econômico do Brasil e não entendem alguns conteúdos relacionados com atualidades e conhecimentos gerais. Por sorte, os professores são muito aplicados e estão acostumados com essa falta de conhecimento dos alunos e se desdobram em várias explicações que vão além do assunto abordado. Hoje não sei como anda o ensino no Brasil, mas na escola onde faço estágio, os alunos consideram os professores e a imagem deles ainda inspira respeito. Vejo os alunos se aplicando no sentido de somar pontos para a média através de trabalhos e preenchimento dos questionários das apostilas.
Meus professores tiveram influência direta nas questões de aquisição de conhecimento e no processo de amadurecimento da minha mentalidade. Hoje reconheço que a importância desses profissionais na sociedade influencia de maneira consistente a formação dos cidadãos que mais tarde sucederão os adultos de hoje que serão os idosos de amanhã. Vejo como missão e obrigação inserir na mente dos jovens que a educação é o caminho para a formação e capacitação dos futuros profissionais. É a forma que temos de escapar do círculo vicioso de nos tornarmos trabalhadores sem o estatus de uma profissão que gere segurança. Parabéns aos pais que incentivam seus filhos a estudar. Parabéns aos professores engajados na causa da Educação e finalmente, parabéns aos alunos que estão trilhando o difícil caminho do aprendizado e reescrevendo a sua própria história.