sábado, 12 de abril de 2014

Escolas brasileiras no Japão II

Foto: Banco de imagens do Google

Ano passado não consegui cumprir as horas de estágio exigidas para o cumprimento do meu curso, então estou continuando este ano. Em Fevereiro não tive condições de ir à escola, então recomecei em Março. Este ano as turmas estão em outras salas, pois os alunos passaram de ano. Basicamente são as mesmas pessoas. Já tenho um certo carinho pela escola, pelos professores e pelos alunos. Muitos expressaram uma certa alegria em me rever. Fiquei muito feliz, pois a reação das pessoas é um bom termômetro para avaliar o quanto a sua presença é aceita em determinado ambiente. Sempre que me deparo com as apostilas do sistema COC fico pensando na dificuldade que os alunos enfrentam no processo de aprendizado. O material é muito bom, mas como disse em outra ocasião, esses alunos são brasileiros sendo criados fora do Brasil e há uma carência de informações que eles deveriam absorver diariamente. Não estou dizendo que haja deficiência no sistema escolar, pelo contrário, a escola e os professores se empenham para que os alunos estejam inseridos num ambiente onde haja o máximo de informações e contato com a cultura brasileira. Olhando de fora, porém, sinto que há a necessidade da iniciativa dos pais (que trabalham muito neste país), no sentido de incentivar a leitura e o acesso a material audiovisual que estimule a aquisição de mais conhecimento e cultura, principalmente em assuntos ligados ao Brasil. Na verdade, não existem adolescentes que acessam a internet a procura de National Geographic, History Chanel, Jornais, noticiários e outros conteúdos que enriqueceriam o seu conhecimento. E se deixarmos por conta deles, os conteúdos acessados serão sempre Facebook, games, Pânico e outras coisas que não acrescentarão lá substancial quantidade de conhecimento útil, mas fútil. É papel dos pais, em primeiro lugar e dos educadores indicar os caminhos para a construção do conhecimento. Vivendo no Japão, noto que eles conversam de maneira muito informal, mesmo em situações formais. O nível das redações, com a repetição excessiva de palavras indica que eles possuem um vocabulário ainda muito restrito. Muitos alunos demonstram muita inteligência, mas são demasiadamente relapsos na administração de sua vida escolar. Alguns esquecem suas apostilas em casa, e não fazem suas tarefas, além de negligenciarem os trabalhos que lhes auxiliam nas notas. Nesse ponto, por mais que a escola se esforce e os professores aconselhem os alunos, a participação dos pais é fundamental. Eles devem não só fiscalizar e cobrar desempenho de seus filhos, mas estimulá-los a buscar conhecimentos que incrementarão seu desempenho escolar. Os alunos da escola onde estagio estudam com as mesmas apostilas usadas no Brasil, mas eles vivem uma realidade diferente, estão vivendo fora de todo o contexto para o qual estão sendo educados e a busca por informações sobre a história, sobre os acontecimentos, atualidades e cultura brasileira é que resultará na obtenção dos conhecimentos que eles precisarão para enfrentar a vida e espero que seja o caso da grande maioria, prestar o vestibular.
Na Escola Alegria de saber, além das matérias tradicionais, os alunos ainda aprendem Informática, Espanhol, Japonês e Inglês. Português e Inglês já fazem parte da grade de ensino, mas achei muito interessante a inserção de Espanhol e Japonês. O sistema de ensino é brasileiro, e a interação com os alunos é toda feita em Português, mas existem algumas regras que são caracteristicamente japonesas, como os obentos (marmitas) que muitas pessoas comem, além do souji (faxina) que é realizada pelos alunos no final da aula. Admiro muito a luta desses educadores no desafio de ensinar esses brasileirinhos que vivem tão distantes de sua Pátria. Eles são, não apenas professores, mas agregam conhecimentos gerais que complementam suas aulas, são psicólogos, conselheiros e ícones nos quais os alunos têm sua referência depois dos pais. Eles são acima de tudo Educadores.




Disponível nas livrarias:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=22601319&sid=6249712161451151996227139

http://martinsfontes.produto.rakuten.com.br/obake-o-japao-mal-assombrado.aspx


http://www.asabeca.com.br/detalhes.php?prod=5467&kb=791#.UQS_6r83sTA

No Japão você encontra no ARMAZÉM FASHION JAPAN
Tel: 0566-87-7209
090-6589-7976 (SoftBank)

terça-feira, 1 de abril de 2014

Cada fim é um novo começo


Ontem, dia 31 de Março foi o meu último dia de trabalho na Belltech. Foram dois anos e meio de convivência com pessoas fantásticas. Cada ser humano tem uma história de vida. Suas alegrias e seus dramas diários, muitos deles chegaram a mim em forma de desabafo, afinal, o motorista é a primeira pessoa que elas encontram depois do trabalho. Nem o Mestre dos mestres conseguiu satisfazer todo mundo, então eu, na minha modesta condição de reles mortal não iria conseguir também, mas como em todos os lugares onde trabalhei, deixo uma legião de pessoas que, de alguma forma ficaram contentes com a minha convivência. Eu não fui tão somente um motorista, mas alguém que fazia parte do dia-a-dia dessas pessoas. Sempre fiz questão de saudar a todas as minhas passageiras com um "BOM DIA" dito lá do fundo do coração, vibrando e desejando realmente que o dia delas fosse bom. Assim como dizer "BOM SERVIÇO, TENHAM TODAS UM BOM DIA". No final do expediente, na hora do desembarque "BOM DESCANSO, UMA BOA NOITE"...  Isso é agregar valor humano ao trabalho. O motorista trabalha muitos pontos que as pessoas não notam, mas que são muito importantes para o bem-estar das passageiras, como pré-aquecer o ônibus no frio, para que elas embarquem no veículo quentinho, ou então, deixar o ônibus com o ar condicionado ligado alguns minutos antes do embarque para que elas viajem num ambiente fresco no calor... Evitar que elas sofram com calor, ou frio extremo é ajudá-las a se prevenir de resfriados. Recebê-las com um sorriso e um tom cordial para que elas tenham um bom começo e um bom final de expediente... Ligar música em volume moderado para fazer um som ambiente e preencher o veículo com alto-astral... Chegar de bom humor no trabalho faz a pessoa ficar mais produtiva e menos suscetível a acidentes.  Nem sempre as passageiras gostavam do meu modo de trabalhar, mas analisando o índice de passageiras que me demonstravam simpatia e respeito pelo que eu fazia, acredito que o saldo é bem positivo. Algumas poucas vezes o escritório me avisava que alguma funcionária tinha reclamado de algo, mas eu sempre me reportava antes para eles para que não houvesse nenhum mal-entendido. Sempre reportei os problemas do transporte à minha chefe, por mais pequenos que fossem para que o meu trabalho sempre tivesse credibilidade. Nunca discuti problemas técnicos com minhas passageiras, visto que não havia necessidade de dar explicações técnicas, principalmente para quem não sabe dirigir. Dirijo a 35 anos, sendo que 5 destes como profissional. Minha licença era GOLD e tenho licença especial de CHUUGATA (veículos de porte médio). Sempre primei pela segurança e bem-estar das minhas passageiras. De ônibus, ou de Van, para mim, sempre foi importante fazer o meu trabalho da melhor maneira possível, agregando valor com pequenos detalhes que, ao meu ver produzem grandes resultados.
Quando fui ao escritório formalizar a minha saída, fui recebido pelos tantoushas e pelos chefes Ota-san, Sonia-san e Ushida-san. Foi um Aisatsu bem informal, mas coroado de palavras de carinho e reconhecimento. Senti-me verdadeiramente entre amigos e confesso que dificilmente encontraria em outro lugar um ambiente de trabalho tão bom como esse. 
Finalizar essa fase da minha vida não está sendo fácil e estou passando por uma transição muito dolorosa, mas acredito que este fim de fase marca o início de outra. Como disse para todos os meus amigos, trilharei novos caminhos, mas levarei todos no meu coração.