quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Entretenimento e Cultura

Foto: Banco de imagens do Google

Quando penso em entretenimento para mim e para os meus filhos, imagino uma forma de unir o útil ao agradável. Entretenimento e Cultura podem e devem estar ligados, pois fazem parte da formação de cada um de nós. Aproveitando a Quarta-feira, quando a maioria dos cinemas fica mais barata, além da vantagem de ser universitário pagando meia entrada, fui ao cinema com a minha filha para assistir Tim Maia. No Japão, eu não conseguiria descontos nos cinemas e mesmo porque, talvez esse filme não passe nas telonas de lá. Qualquer outro jovem relutaria muito em assistir algo sobre um cantor que veio da década de 70, fez sucesso nos anos 80 e morreu na década de 90. Para mim, que sou fã do Tim, era importante assistir a um filme que falasse sobre a sua vida e a sua trajetória. Através do meu interesse pelo filme, minha filha também ficou curiosa para saber sobre a vida do Tim, o que me deixou muito feliz, pois ela nasceu numa geração onde já não existem tantos talentos autênticos e salvo poucas exceções, o panorama da nossa música caiu num nível medíocre. Não vou contar o filme, mas quero apresentar, como sempre, as minhas impressões. A história do Tim é comovente até a parte onde ele ainda não havia encontrado o sucesso. Uma infância pobre e sofrida. Os fatores inegáveis eram o seu talento, sua genialidade e a personalidade de sua voz marcante. Sua irreverência, por vezes chegava à níveis estúpidos e até ofensivos, mas essa parte dá uma luz ao filme e consegue arrancar boas gargalhadas do público. Notamos que Tim Maia tinha uma crise existencial e vivia em conflito com seu próprio ego, buscando um caminho que o fizesse feliz. Ele vivia suas loucuras e fazia todos à sua volta embarcarem em suas manias. Seu temperamento forte e o envolvimento com álcool e drogas muitas vezes o levaram ao fundo do poço. Como eu suspeitava, Tim tinha um grande amor e o rompimento com sua amada o levou a uma fase melancólica, com músicas depressivas e que marcaram época. A história do Tim Maia se confunde com a história da música no Brasil. Eu nem sabia que ele teve um contato tão próximo com o Roberto Carlos. Ele era um visionário e teve talento e coragem para incorporar o seu estilo próprio. Não pude deixar de notar que, apesar de sua personalidade forte e seu temperamento explosivo, ele viveu rodeado de amigos em seu auge de sucesso, mas se viu sozinho quando esteve em dificuldades. Tim surgiu num cenário onde haviam poucos canais de entretenimento, onde era necessário muito esforço e alguém que o indicasse, o famoso QI. No mundo estavam acontecendo a corrida espacial, muitos talentos da música internacional haviam morrido, a ditadura militar havia tomado conta do Brasil e o país cantava em Inglês. Quem viveu as décadas de 70 e 80 vai curtir bastante, mas recomendo aos mais jovens que, para que apreciem mais amplamente a obra, pesquisem um pouco antes para não ficar boiando, ou ir ao cinema acompanhado dos pais. De qualquer forma, é uma boa pedida de entretenimento e as tiradas sarcásticas do Tim são uma diversão à parte.