quarta-feira, 29 de abril de 2015

Seguindo em frente

Foto: Arquivo pessoal

     Desde sempre tive a sensação de que eu não era dono do meu destino e dos meus caminhos. De alguma forma, sempre fui levado por caminhos que eu não esperava trilhar. Para mim, viver no Japão já não me traz muitas alegrias e estar numa situação em que não me vejo nem lá, nem cá, me trazia um grande desconforto. Não me envaidece ter uma empresa lá e muito menos pretendia viver tanto tempo longe da minha filha. Ano passado, eu voltei ao Brasil com a intenção de me fixar definitivamente por aqui. Estava tudo planejado: concluir a faculdade, arranjar um emprego, estudar para concursos públicos... Prometi algo para a minha filha que ela esperava desde que era pequena. "Desta vez, eu voltei de vez", eu disse. Na época, eu já tinha alguns trabalhos em vista e somados com um pequeno rendimento que tenho, já daria para viver de forma relativamente confortável. O destino resolveu brincar comigo e me mostrar mais uma vez que eu ainda não era dono dos meus rumos. Meu padrasto faleceu e eu percebi que gostava mais dele do que eu mesmo imaginava. Fiquei muito abalado e para ser franco, ainda não estou conformado com a partida dele. Para piorar, meu pseudo-irmão, além de querer vender o sítio que é meu, pois foi comprado com o meu dinheiro, ainda andou espalhando uma enxurrada de bobagens a meu respeito para encobrir toda a sujeirada que ele fez comigo lá no Japão. A saudade do meu filho Emanuel também me sufocava e haviam alguns problemas burocráticos que eu precisei resolver na empresa: contabilidade de final de ano, renovação da licença de importação e outras coisas... Eu estava muito fragilizado e já não conseguia raciocinar direito. Entrei em depressão e aos poucos fui sendo minado por uma série de tantos outros acontecimentos à minha volta. Sem pensar, quebrei a minha promessa e voltei ao Japão. Haviam muitas coisas a fazer... Não avisei ninguém e quando as pessoas perceberam, eu estava lá novamente. Talvez, poucas pessoas saibam o que é deixar as pessoas que você ama e partir para um lugar distante. A minha depressão se agravou e eu já não conseguia dormir e nem comer. Tentei dar fim em tudo algumas vezes... Fui definhando e me tornando um caco física e emocionalmente. Voltei ao Brasil cerca de dez quilos mais magro e com uma sequela psicológica profunda. Meus sonhos e esperanças haviam se dissipado e eu não conseguia enxergar alegria em mais nada. 
     Aos poucos, fui procurando recursos e busquei em calmantes e florais um atenuante para as minhas ansiedades. Meu sono e meu apetite ainda não voltaram ao normal, mas a companhia de minha filha, dos meus amigos verdadeiros e de alguns familiares tem me ajudado a ter ânimo. Sei que preciso buscar soluções e superar as minhas perdas e frustrações, mas tenho consciência de que não posso perder as esperanças. O sorriso dos meus filhos tem me ajudado a me erguer e a levantar a cabeça. Estou entregando os meus caminhos nas mãos de Deus e vou reconstruir a minha vida.
     Obrigado Denise e Emanuel por vocês serem os meus filhos maravilhosos. Obrigado Nágida, por ter me entendido e assim poder me apoiar nesse momento em que você precise mais de amparo do que eu. Obrigado minha prima Mônica e minhas tias Rosa e Araci, pelos bons conselhos e pelo amparo emocional. Obrigado Adão & Denise, Marquinhos & Stephanie pelo carinho e pela certeza de que vocês são meus amigos de verdade. Obrigado Nerislande e Antônio Souza pelas palavras de apoio e conforto. 
     Agora, posso ver com clareza que isso tudo é somente uma fase e que eu vou superar tudo novamente, assim como o fiz em outras vezes.