segunda-feira, 31 de maio de 2010

Flanelinha, uma praga que parece que não tem cura

Depois de muito tempo longe do Brasil, a gente esquece daqueles problemas sociais que parecem não ter solução. Acho melhor o indivíduo trabalhar, do que partir para o crime. O caso do flanelinha é um pouco diferente. O "trabalho" dele pode ser caracterizado como pura EXTORSÃO!!! Você chega para jantar em algum restaurante, ou para numa farmácia para comprar algo e lá vem o infeliz: " posso cuidar aí chefe?" É algo implícito, que não é dito declaradamente, mas se você não pagar para o flanelinha "cuidar" do seu carro, ele pode riscar a lataria, ou fazer coisa pior. Não bastasse o preço das coisas, a vida que anda difícil, ainda vem essa corja de vagabundos, de maneira abusiva, arrancar o nosso dinheiro. Eu me pergunto: Temos mesmo que nos sujeitar à essa situação humilhante? Até quando vamos ficar calados, sem que ninguém faça nada? Por que as autoridades não tomam providências? Eu prefiro pagar Zona Azul do que deixar um FDP desses olhar o meu carro.
A gente vê o meliante sentado na calçada. Passando o tempo, sem se importar com nada. A única preocupação dele é dizer: " podi ficá traquiloqui eu cuidu, patrão!" Fica que nem um urubú em cima da carniça quando você volta e ainda faz cara feia se você der pouco dinheiro.
Pessoas com saúde, acham melhor extorquir o cidadão do que arrumar um trabalho decente. Um absurdo!!! Muitos fazem aquela cara de coitado, mas o dinheiro nem é para sustentar a família. Certa vez um maluco desses veio me cobrar com os buracos do nariz cheios de pó.
Tem uma tarifa de 5% que a gente paga aos restaurantes (pelo menos aqui em São Paulo). Ninguém reclama. Eu também não reclamo, pois acho que o garçon educado deve ser recompensado. Agora imagina se todo mundo resolver não pagar essa taxa... "Não vou pagar essa taxa pois tem que sobrar dinheiro para pagar o FDP lá fora que está olhando o meu carro!!!" Acho que os garçons ou seu sindicato (se houver um) se mobilizariam para contornar a situação e acabar com essa canalhice. Tem passeata para tanta coisa, podiam inventar uma com o slogan "ACABEM COM OS FLANELINHAS". Acho até que se cada estabelecimento cuidar da segurança do seu perímetro, essa baixaria acabava.
Já está passando da hora da polícia descer a borracha nesses desocupados e mandá-los trabalhar!!!

Deixar a sua marca no mundo

Viver todo mundo vive, mas viver como um exemplo para de pessoa, marido, pai, avô e membro ativo da sociedade, ah isso é para poucos. Posso dizer que sinto orgulho de ter conhecido essa pessoa carismática lá na distante Montalvânia-MG. Lá ele foi um pacato comerciante, mas muito querido por todos. Sempre sorridente, tinha em seu comércio não só mercadorias, mas a sua simpatia, que oferecia generosamente. Oferecia palavras amigas e conselhos de muito valor gratuitamente, pois possuía uma riqueza de espírito e um discernimento que lhe eram característicos. As crianças das redondezas, desde a mais tenra idade já sabiam seu apelido: Delo... Isso mostra o quanto era querido. Aliás, Seu Manoel era conhecido tão somente por esse singelo apelido.
Delo era conhecido não somente por ser comerciante, mas por sua inteligência e sua forma ponderada de pensar, falar e agir. Acredito que nunca se ouviu de sua boca uma palavra ofensiva que fosse. Os filhos, parentes, amigos e conhecidos são unânimes: "Delo foi uma pessoa sensacional" dizem. Agia como um Ghandi, usando a palavra e os meios legais. Tinha verdadeiro horror à violência.
Não gostava de incomodar. Quando estava hospitalizado em Goiânia disse que se morresse lá, que podíamos enterrá-lo ali mesmo. Mesmo naquele momento, ele se preocupava em não incomodar ninguém. Mesmo naquele momento, ele mostrava um grande desprendimento, o que reafirmava para nós o seu espírito altruísta. Estava com os olhos fechados, mas consciente. Suas mãos procuravam a todo tempo as mãos da filha que o acompanhava. Na madrugada do dia 16 de Maio, deu seu último suspiro e morreu na presença de sua filha caçula. Não sentiu dores devido aos medicamentos. Teve um desencarne tranquilo. Terminava ali a sua luta contra o câncer.
Foi levado para Montalvânia, sua terra, onde era muitíssimo amado. Uma multidão compareceu ao velório, lotou a igreja da cidade e foi ao sepultamento para se despedir do bom Amigo.
Dos breves 65 anos de vida de Delo, ele nos deixou grandes lições de compreensão, de Amor e de vida. Ele deixou sua marca. Sentiremos saudades.

sábado, 8 de maio de 2010

Dia das Mães

No dia 14 de Fevereiro deste ano, fez 14 anos que minha mãe se despediu deste mundo. Sua vida foi uma trajetória de muita luta e sofrimento que durou breves 51 anos. Criou quatro crianças, sendo dois dela e dois do meu padrasto. Na nossa educação, ela errou algumas vezes, acertou outras, mas a maior lição que ela nos deixou foi seu exemplo de coragem, onde ela, aparentemente frágil, lutava com grande força e vontade. Ela, por Amor ao meu padrasto, aceitou o desafio de criar quatro filhos. Nunca houve tempo ruim para ela... No tempo de esteticista, seu salão era lotado. Mal tinha tempo de comer nas Sextas e Sábados. Ainda me lembro que ela me fazia vender gelinho, milho verde, verduras... Ela ensinou-me desde cedo que a gente tem que arregaçar as mangas e ir à luta. Aos 8 anos, eu chegava da escola, pegava uma caixa e ia vender as coisas para ela. Quando nos mudamos para a nossa chácara, ela trabalhava muito para produzir frutas, verduras e tudo mais que pudesse ser cultivado na chácara. Trabalhamos muuuito nessa época. Passamos por tempos difíceis, mas ela estava sempre inventando coisas para amenizar a crise. Na década de 80, eles montaram um bar e ela atirou-se ao trabalho com o mesmo afinco de sempre. Usou a criatividade para vender bebidas e salgados. Aos poucos incrementamos o bar com uma grande varidade de salgados, doces, cachaças curtidas com os mais variados tipos de frutas e ervas. Ainda me lembro que quando ela começou a fabricar pastel, todos iam dormir, mas ela ficava até tarde enrolando a massa e temperando os recheios. Nós os filhos, sempre estavamos ali para ajudar, afinal tínhamos que ter unidade, mas ela é que sempre estava à frente das coisas, administrando tudo. Foi um tempo de relativa prosperidade. Eu sentia um certo alívio no coração, afinal minha mãe estava como queria... Com certa estabilidade financeira. Nessa época eles compraram bons carros, máquina de lavar (um luxo para a época), Televisão colorida e um Freezer novo para o bar.

De repente uma reviravolta. Meu padrasto resolve voltar para o Rio Grande do Sul. Vendeu tudo que tínhamos e comprou uma casinha mixuruca em Gravataí. O dinheiro que sobrou ele colocou na poupança, que estava rendendo cerca de 30% na época (início da década de 90). O governo Collor trancou o dinheiro de todo mundo. Ficamos sem renda, com uma casinha de madeira caindo aos pedaços, numa terra estranha, sem amigos, sem parentes... Foi um choque para todos nós. Em 1989 vivemos o pico de uma fase de estabilidade econômica e no ano seguinte estávamos duros... Estávamos caídos, mas não derrotados!!! Passada a depressão inicial, minha mãe voltou com força ao trabalho de fazer pastéis e lanches. Tivemos praticamente que começar do zero. Ela nunca ia deixar a peteca cair... Aos 20 anos, eu saí de casa para trabalhar no Japão. Com a situação preta, nem pestanejei em agarrar a chance de nos tirar do buraco. Enquanto eu lutava no Japão, minha mãe lutava no Brasil. Ela venceu muitos obstáculos na vida... Para mim foi uma verdadeira heroína. Ela lutou contra tudo, mas no final o terceiro derrame fez com que ela fechasse os olhos para sempre. Sei que como ela, existem muitas heroínas por aí, mas eu não podia deixar de prestar esta pequena homenagem à memória dela e a de tantas outras guerreiras e suas lutas anônimas.

Carmem Marisa Akiyo Murakami, onde você estiver, o meu muito obrigado por tudo que fez por nós e por tudo que você ainda significa: O exemplo de coragem, as boas lembranças e a saudade que sinto de você!!!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Este blog, que estava aparentemente abandonado, estava sem postagens desde Dezembro do ano passado. Naquela época, eu estava eufórico, pois estava com data marcada para o início das minhas merecidas férias. Viajei para o Brasil com a perspectiva de ficar apenas dois meses, mas aparece um probleminha aqui, outro ali... Assim a gente vai ficando. Estou no Brasil até agora!!! Inicialmente, a sensação de felicidade é uma constante, afinal, retornar ao Brasil depois de 4 anos chega a parecer um sonho. Depois tem as visitas aos parentes e amigos queridos, a comida brasileira, o clima de descontração, as viajens... Ter muitos parentes tem suas vantagens e desvantagens. Certamente é muito bom ser querido e amado, mas ter uns parentes aqui e outros tantos acolá, num país gigantesco como o nosso, é dispendioso e cansativo. Devo até me desculpar em não poder visitar todo mundo. O bom da história, é que apesar do cansaço e do gasto, a gente acaba fazendo das férias um Mix Cultural, além de fazer o social com os parentes e amigos. Dentro deste país tenho parentes e amigos em SP, PR, SC, RS MG, MT, BA e GO. Haja dinheiro, combustível e carro para rodar tudo isso!!! Na viajem ao Rio Grande do Sul, por exemplo, foram 1200 quilômetros de ida e mais 1200 para voltar. Cansativo, mas valeu a pena. Agradeço a Deus pela chance de poder rever muita gente querida e fazer a visita de paxe ao túmulo da minha mãezinha. O reencontro com pessoas queridas é coroado com a chance de conhecer mais pessoas maravilhosas. Foi muito bom conhecer as praias de Cidreira, apreciar a beleza das mulheres gaúchas deitadas sobre as areias, tomar chimarrão e curtir a hospitalidade do povo do Sul. NO caminho, a paisagem dá um show à parte, com a típica vegetação, imensas pradarias, características dos Pampas, as Araucárias no Paraná, as lindas cidades do litoral Catarinense... Tudo enche os olhos dos turistas.
Viajando para Minas, Bahia e Goiás, a gente se maravilha com a imensidão desse país. O contato com diferentes pessoas das mais diversas partes do Brasil nos dá uma idéia da diversidade cultural. Diferentes formas de pensar, de viver, de falar... A forma como enxergam e encaram a vida e o mundo. No Cerrado, o calor e as plantações de trigo, milho, mandioca, soja... Tudo passa pela janela do carro como um filme. Estradas que parecem sem-fim, com surpreendentes auroras e crepúsculos. O cheiro do mato e a brisa fora do carro. Monumentais fazendas verdejantes com o gado a pastar, parecendo um gigantesco tapete verde com incontáveis pontinhos brancos esparramados sobre a sua superfície.
Como diz a propaganda da MasterCard: "Tem coisas que o dinheiro não compra"... Imagine só uma pessoa que você não vê a anos... E quando você a encontra, ela abre o seu maior e mais belo sorriso, iluminando o rosto... Abraça você e se mostra Super-Hiper-Ultra Feliz em te ver!!! Para mim, não há palavras que consigam expressar com exatidão essa sensação de felicidade. Nos últimos meses, a cada visita, essa cena se tornou comum... Isso não tem preço!!!
Obrigado meu Deus, pelos meus pais,pelos meus parentes, pelos meus amigos, pelo meu país...