sábado, 8 de maio de 2010

Dia das Mães

No dia 14 de Fevereiro deste ano, fez 14 anos que minha mãe se despediu deste mundo. Sua vida foi uma trajetória de muita luta e sofrimento que durou breves 51 anos. Criou quatro crianças, sendo dois dela e dois do meu padrasto. Na nossa educação, ela errou algumas vezes, acertou outras, mas a maior lição que ela nos deixou foi seu exemplo de coragem, onde ela, aparentemente frágil, lutava com grande força e vontade. Ela, por Amor ao meu padrasto, aceitou o desafio de criar quatro filhos. Nunca houve tempo ruim para ela... No tempo de esteticista, seu salão era lotado. Mal tinha tempo de comer nas Sextas e Sábados. Ainda me lembro que ela me fazia vender gelinho, milho verde, verduras... Ela ensinou-me desde cedo que a gente tem que arregaçar as mangas e ir à luta. Aos 8 anos, eu chegava da escola, pegava uma caixa e ia vender as coisas para ela. Quando nos mudamos para a nossa chácara, ela trabalhava muito para produzir frutas, verduras e tudo mais que pudesse ser cultivado na chácara. Trabalhamos muuuito nessa época. Passamos por tempos difíceis, mas ela estava sempre inventando coisas para amenizar a crise. Na década de 80, eles montaram um bar e ela atirou-se ao trabalho com o mesmo afinco de sempre. Usou a criatividade para vender bebidas e salgados. Aos poucos incrementamos o bar com uma grande varidade de salgados, doces, cachaças curtidas com os mais variados tipos de frutas e ervas. Ainda me lembro que quando ela começou a fabricar pastel, todos iam dormir, mas ela ficava até tarde enrolando a massa e temperando os recheios. Nós os filhos, sempre estavamos ali para ajudar, afinal tínhamos que ter unidade, mas ela é que sempre estava à frente das coisas, administrando tudo. Foi um tempo de relativa prosperidade. Eu sentia um certo alívio no coração, afinal minha mãe estava como queria... Com certa estabilidade financeira. Nessa época eles compraram bons carros, máquina de lavar (um luxo para a época), Televisão colorida e um Freezer novo para o bar.

De repente uma reviravolta. Meu padrasto resolve voltar para o Rio Grande do Sul. Vendeu tudo que tínhamos e comprou uma casinha mixuruca em Gravataí. O dinheiro que sobrou ele colocou na poupança, que estava rendendo cerca de 30% na época (início da década de 90). O governo Collor trancou o dinheiro de todo mundo. Ficamos sem renda, com uma casinha de madeira caindo aos pedaços, numa terra estranha, sem amigos, sem parentes... Foi um choque para todos nós. Em 1989 vivemos o pico de uma fase de estabilidade econômica e no ano seguinte estávamos duros... Estávamos caídos, mas não derrotados!!! Passada a depressão inicial, minha mãe voltou com força ao trabalho de fazer pastéis e lanches. Tivemos praticamente que começar do zero. Ela nunca ia deixar a peteca cair... Aos 20 anos, eu saí de casa para trabalhar no Japão. Com a situação preta, nem pestanejei em agarrar a chance de nos tirar do buraco. Enquanto eu lutava no Japão, minha mãe lutava no Brasil. Ela venceu muitos obstáculos na vida... Para mim foi uma verdadeira heroína. Ela lutou contra tudo, mas no final o terceiro derrame fez com que ela fechasse os olhos para sempre. Sei que como ela, existem muitas heroínas por aí, mas eu não podia deixar de prestar esta pequena homenagem à memória dela e a de tantas outras guerreiras e suas lutas anônimas.

Carmem Marisa Akiyo Murakami, onde você estiver, o meu muito obrigado por tudo que fez por nós e por tudo que você ainda significa: O exemplo de coragem, as boas lembranças e a saudade que sinto de você!!!

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