domingo, 27 de junho de 2010

A copa do mundo e seus efeitos no Brasil


Estar no Brasil e presenciar a festa dessa imensa torcida é uma oportunidade única! Nós brasileiros, pelo menos a grande maioria, somos apaixonados por futebol e sentimos orgulho de ser uma grande potência dentro de campo. Sobre os ombros de cada jogador pesa a responsabilidade de representar a nossa tradição nesse esporte.
Nessa época, o comércio se aquece e há um grande volume de venda dos mais variados artigos relacionados a copa do mundo. Tem muita gente que, mesmo sem ter condições, parte para o sacrifício e compra a televisão de sonhos só para acompanhar essa grande festa. Nos dias de jogo, muita gente não vai trabalhar, alguns comércios fecham durante as partidas e os compromissos giram em torno das possibilidades.
Tem muita gente que bebe em demasia, perde o bom-senso e perturba a Paz dos outros. Já vi uma confusão começar com um sujeito em "clima de festa" assoprar aquelas cornetas (chamam aquilo de vuvuzela) na orelha de um transeunte. O cara não estava num bom dia e acabou dando uns sopapos no engraçadinho.
Aqui no Brasil, vê-se carros com bandeiras, casas com bandeiras... Bandeiras desenhadas no asfalto, nos muros e paredes... É um verdadeiro festival de verde e amarelo.
Acho bacana essa euforia toda. Nosso povo precisa desses pequenos pedacinhos de Felicidade, por mais efêmeros que eles possam ser. Fico imaginando o quanto seria bom se esse clima de festa se estendesse a outros eventos futebolísticos como os campeonatos estaduais, o campeonato brasileiro...
Que bom seria se a rivalidade fosse somente dentro de campo... Os jogos dos campeonatos estaduais mais parecem um conflito de gangues, onde torcedores (brasileiros de ambos os lados) se confrontam nas ruas e estações gerando espetáculos bizarros de selvageria.
Pelo menos nessa época de copa do mundo, as torcidas se unem para vibrar por um só time: A seleção brasileira... Isso, por si só, já pode ser considerado um fenômeno. Terminada a copa, a insanidade das torcidas infelizmente volta a tona...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Quando a Morte chega.


Hoje estive no túmulo da Mercia Nakashima. Fiz minhas orações e desejei que ela tenha um bom descanso e seja bem acolhida nos braços do Pai Celeste. Esse caso mexeu muito com a opinião pública, mas independente de qualquer coisa, foi uma vida humana que se perdeu. Advogada, jovem e amada pelos familiares e amigos, tinha toda uma vida pela frente, mas teve seu trajeto interrompido de maneira brusca e brutal. Não quero aqui levantar nenhuma bandeira de ódio, ou de qualquer outra coisa, senão de solidariedade. Quero somente colocar as pessoas para pensar.
Hoje, no cemitério, enquanto eu orava, me veio na lembrança todos os tristes velórios e enterros que já presenciei. Para uns a Morte chega de maneira branda e suave, porém outros tem a vida ceifada de maneira abrupta e dolorosa. Quando sou comunicado de algum falecimento dentro do meu círculo, sempre estou a disposição, pois apesar de parecer uma ação simples, a nossa presença serve de conforto para os que ficam. Estar junto e compartilhar de todo o sofrimento é acima de tudo um ato de Caridade e Amor. Lembrei do caso do menino Ives Yoshiaki Ota que foi sequestrado e morto. O crime de sequestro é angustiante para todos e desgasta a família. Não consigo sequer imaginar a amargura da família de Mercia e de Ives nos momentos em que não tinham notícias deles.
Tempos atrás, enterrei um grande amigo. Sua passagem foi tranquila e a família, apesar de inconformada, já esperava o triste desfecho. No caso de Mercia por exemplo, é muito mais difícil para a família, pois havia uma perspectiva de que ela vivesse muitos e muitos anos. Pena que casos como esses, que tem grande repercussão na mídia, não impulsionam as autoridades a criar leis mais rígidas contra o sequestro e principalmente sequestro seguido de morte.
A Morte traz uma nova etapa para quem fica. Geralmente cheia de saudade e tristeza. Por outro lado, ela marca o fim de um sofrimento que muitas vezes é caracterizado pela dor (física e emocional), pela ausência de notícias, pela incerteza e pelo medo. A chegada da Morte traz muita tristeza, mas também a certeza do descanso para a pessoa que se foi e para todos os que ficam. Em nossas mentes não há mais aquela tensão constante, aquela preocupação, aquela aflição... Parece que a Morte leva tudo isso com ela. Algumas vezes a Chegada da Morte se faz necessária para que sejamos jogados de volta à vida.
Deixo aqui expressados os meus respeitosos sentimentos aos familiares e amigos de Mercia Nakashima. O tempo será remédio para tudo. Ele não cicatriza, mas alivia a dor. Que Deus dê o descanso à Mercia e a todos os que tiveram sua passagem de forma brutal. Que Deus dê o alívio aos nossos Corações.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ter dois lares e não ter nenhum


Muita gente que me conhece acha que eu quero viver a minha vida inteira no Japão. Acham que eu me viro bem, que gosto da vida que levo e que vou viver em terras japonesas pelo resto da vida. Nossa!! Se essas pessoas soubessem... Quando eu era adolescente, queria sair para o mundo e fazer a minha vida. Comprar uma casa, carro e formar uma família... Eu bem que lutei bastante e continuo lutando. Sempre pensei que o básico de toda pessoa que quer constituir família é ter casa própria e então priorizei meus esforços para essa meta. Minha sede de conseguir algo na vida era tanta que não medi esforços e saí de casa para ajudar a minha família (mãe e irmãos) e paralelamente construir o meu futuro. Privei-me das alegrias da juventude, das baladas, dos passeios e segui firme. Sem perceber, entrei no círculo vicioso dos que trabalham no Japão. Passo uns anos no Brasil e uns anos no Japão e assim vou tocando a vida. Pego o ritmo bem rápido em ambos os países. Não fico perdido nem lá, nem cá... Isso me ajudou a me inserir tanto no ritmo do Japão, quanto do Brasil. Sinto-me a vontade tanto lá, quanto cá... Sinto-me de certa forma, um cidadão do mundo. Neste contexto, tenho dois lares, mas as vezes sinto também que não tenho nenhum... Hoje, muitos anos depois de ter pisado pela primeira vez no Japão (Março de 1991), meu sonho é retornar ao Brasil de vez.
Tenho muitos amigos, colegas e conhecidos no Japão. Todos me são muito queridos, mas quero um dia poder entrar numa casa, olhar para ela e ter a certeza de que vou morar ali para o resto da vida. Quero ter a minha vida no Brasil onde eu possa conviver alegremente com a vizinhança, ter uma churrasqueira onde eu possa assar carne em qualquer estação do ano, ter duas ou mais vagas na minha garagem, ter um endereço fixo onde meus parentes e amigos possam me visitar. Ter uma casa que eu possa decorar sem aquela neura de que vai ser provisório... Quero poder correr na esteira ergométrica sem que algum vizinho se incomode com o barulho. Quero ver televisão, ou escutar o som sem me preocupar com a vizinhança... Quero comer pão francês fresquinho da padaria. Quero comer feijão tropeiro, polenta, feijoada, macarronada de Domingo, lazanha... Tomar caldo de cana e comer pastel de feira...
Tem horas que me dá um desespero, uma vontade de voltar para o Brasil e sair de vez deste círculo vicioso... As vezes tenho vontade de gritar: "Eu quero a minha vida no Brasil"...
Não posso negar que gosto do Japão, mas o meu coração e o meu projeto de vida está focado no Brasil. Ultimamente ando meio desanimado, mas tenho consciência de que vou ter que ralar mais alguns anos.
Para alguns autores e suas fórmulas mágicas, conquistar uma vida confortável e estabilidade financeira é coisa fácil, mas para mim é uma luta que já dura duas décadas!!!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Brasileiros no Japão: Testemunhas da qualidade




Durante os anos que nós brasileiros passamos no Japão, aprendemos a viver sob a cultura deles, mas preservando os nossos costumes. Aprendemos muitas normas de etiqueta que são peculiares a cultura japonesa e nos esforçamos para que haja uma integração harmoniosa e um estado constante de cooperatividade. O Japão é um país que, como o Brasil, é riquíssimo culturalmente e que tem muito para nos ensinar.
Como dekasegi, trabalhei em várias empresas ligadas a Toyota e posso afirmar com convicção que o controle de qualidade é rigorosíssimo. Todos os procedimentos de elaboração e produção de peças são estudados minunciosamente. A forma como cada operário deve produzir, checar e montar determinada peça é desenvolvida e estudada e é seguida rigorosamente para que não haja comprometimento da qualidade.
A filosofia é: Produzir e oferecer produtos de altíssima qualidade, com custo reduzido, buscando a plena satisfação do cliente. Nesse sentido, a busca obstinada pela qualidade visa não somente a satisfação como também eliminar o risco de um produto mal fabricado (furyou) causar transtornos ao cliente. O grande fantasma da indústria é a perda da credibilidade, uma vez que a concorrência é acirrada, o comprador insatisfeito pode migrar para outra marca.
Uma grande empresa ligada ao grupo Toyota é a Aisin Seiki, que produz uma série de peças que vão desde simples molduras de borracha, até complexos elementos como câmbios, bancos e afins.
É uma empresa admirável devido ao seu sistema organizacional. Como a maioria das empresas que trabalham para a Toyota, a Aisin Seiki é rígida com os seus funcionários, com o controle de qualidade e com a segurança. Quando na Admissão, os candidatos são entrevistados e passam por exame médico para checar a saúde. Tatuagens não são admitidas, mas algumas vezes passam despercebidas. Os candidatos passam três dias fazendo treinamento remunerado. Nesse período, estuda-se as normas da empresa, formas racionais de produção, segurança no trabalho e controle de qualidade.
Embora a empresa seja rigorosa por um lado, por outro há a preocupação com o bem-estar dos funcionários. A empresa inscreve todos no seguro-saúde, inclusive os dependentes. Faz eventos de confraternização. Premia os funcionários assíduos com um bônus que é depositado mensalmente e que o funcionário recebe quando sai da empresa.
Como disse anteriormente em outra postagem, não posso falar das marcas que eu não conheço, mas tive o privilégio de ver como são produzidas as peças para a Toyota. Todos estão suceptíveis ao erro, como pudemos ver anteriormente no recall do Prius, mas posso afirmar que tenho motivos para confiar na marca.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Coisas que usamos para compor nossas vidas

Estava eu esses dias reparando como os jovens superestimam grifes e outras coisas que o capitalismo nos induz a comprar. Visto de maneira prática, um produto tem que ter boa qualidade e isso está implícito no conceito de marca, ou seja, as pessoas pensam: Se é caro é bom... Ledo engano. Tem muito produto barato que tem a mesma durabilidade, ou mais que um produto de marca consolidada. Muitas vezes as pessoas não querem algo que seja durável. Querem sim o status que a marca proporciona.
Apesar de "meter o pau" no capitalismo e em seu sistema cruel, não posso negar que para o meu dia-a-dia escolho dentro das minhas possibilidades financeiras, produtos de qualidade com preços próximo do que julgo justo.
Tenho para mim a idéia de que posso viver e consumir bons produtos sem desperdiçar dinheiro. Esse conceito vai do meu vestuário, passando pelos cosméticos até a marca do meu carro.
Evidentemente, quando a ocasião exige que você vista algo sofisticado, não precisa calçar as "sandálias da humildade" e ir para um evento chique feito um molambo.
  • Por exemplo, gosto das calças da Zoomp, mas só visto as que ganho. Em matéria de calça, tenho ótimas opções como: Vakko, Lemier e Jinnurs. São calças excelentes, vestem bem e não deixam a desejar para as marcas mais caras.
  • Relógio de pulso? Para mim não precisa ser Rolex. Só precisa ser bom, bonito e durável. Ninguém merece aqueles relógios que você compra e depois de uns meses já apresentam problemas. Nesse sentido, gosto dos G-Shock da Casio. São bonitos, práticos e duráveis. Duram anos sem dar problemas.
  • Camisas? Aí também sou bem eclético. Não há necessidade de ser M.Officer. Tem muitas marcas que não são tão caras, mas que vestem super bem. Hering, Kothos, Cia Ypslon, Dorinhos...
  • Chinelos? Havaianas estão pela hora da morte, então vou de Ipanema que custa a metade do preço e é a mesma coisa.
  • Cuecas? Para mim, pode ser Zorba ou Lupo...
  • Tênis. Nike está custando um absurdo, mas comprar tênis falsificado que dura dois meses e depois fura na sola não adianta, então vou de Mizuno ou Adidas. São bons e duráveis por menos do que custa um Nike.
  • Sabonete? Gosto do Phebo e de alguns da Natura. Na falta desses não tenho problemas em usar Lux, Palmolive, Albany, Dove...
  • Pasta de Dente? Não sendo salgada pode ser qualquer uma. Tenho preferência pelo Colgate Total 12.
  • Desodorante? Gosto dos tipo Spray. Nada de Rollon... Acho meio estranho e desagradável. Para mim, sendo spray e que não tenha um cheiro desagradável, está bom.
  • Aparelho de barbear? Só da Gilette.
  • Sabão em pó? Sem conversa: OMO!!!
  • Shampoo? Qualquer um... De preferência que seja cheiroso.
  • Perfume? Kouros (Ives Saint Laurent), Calvin Klein, Denin, Horus (Natura)... Perfume é coisa pessoal, mas tem que agradar você e as demais pessoas.
  • Eletro-eletrônicos? Vários: Consul, Electrolux, Brastemp, Panasonic, Toshiba, HP, Epson, Sony...
  • Marcas automotivas? Volkswagen, Ford, GM, Toyota, Mitsubishi. Das outras não posso falar nada, pois ainda não pude experimentar.

Bem... É isso aí. Consumir com consciência, procurando não só pelo preço ou status, mas também pela qualidade. Consumir com inteligência é saudável para o bolso e para o eco sistema. Dar o devido valor sim, mas super valorizar uma marca a ponto de se tornar escravo dela, jamais!!!