Hoje acordei meio jururu...Mesmo assim, ainda tenho a obrigação de postar alguma coisa útil neste blog, então vou transcrever uma reportagem sobre o perigo dos amigos virtuais na internet. A fonte provém deste link:http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/Contem para seus filhoster, 03/11/09
por Isabel Clemente
Eu nunca tinha lido
um depoimento tão detalhado e chocante como o de Mary
Kozakiewicz, mãe de Alicia, uma jovem que, aos 13 anos, foi
seqüestrada, torturada e estuprada durante quatro dias por um homem que conheceu pela
internet. Alicia fugiu de casa para um encontro que virou seu grande pesadelo. Um homem de 38 anos, que julgava como amigo, era um maníaco. Alicia foi salva por agentes do FBI. A tragédia, há oito anos, deu origem ao
Alicia Project , uma bela iniciativa de sua família para transformar o trauma num exemplo para alertar outros jovens a não cair na mesma armadilha. Eles rodam escolas e universidades nos Estados Unidos, numa conversa franca (e chocante) sobre o perigo dos
contatos estabelecidos no mundo virtual.
Como mãe, imaginei o horror de Mary, mãe de Alicia, sentada, sem poder fazer nada, enquanto a polícia procurava sua filha. Sempre vi com muita cautela os
contatos no mundo virtual e, confesso, reajo com certo assombro à facilidade com que as pessoas se expõem na
internet, especialmente os jovens. Estabelecem redes de amigos, em que muitas vezes conta mais a “quantidade” do que a “qualidade”. Falam muito de si, da própria rotina. Mostram fotos, às vezes íntimas, esquecendo-se, de repente, que, além de impressionar os amigos, falam também com
interlocutores cheios de más intenções.Não gosto dessa exposição. Não participo de redes sociais na
internet. Quando posso, alerto meus sobrinhos adolescentes sobre os riscos desse negócio, um progresso dos tempos modernos que lança as crianças, cada vez mais cedo, num mundo sem fronteiras. Nesse espaço ilimitado que se abre a partir da tela de um computador, a boa e velha estratégia de se perguntar “onde estão meus filhos agora, com quem estão e o que estão fazendo” não vale.
Adolescentes têm segredos, julgam-se a salvo dos perigos do mundo, confiam demais no próprio julgamento. Eu fui assim também, embora tenha sempre agido dentro de limites muito claros estabelecidos por meus pais. Sem falar, é claro, que eu não tinha a
internet para navegar à vontade. Penso nas minhas filhas, em que mundo estarão quando chegarem à
adolescência. Como impedir que elas me olhem como se eu fosse um ser de outro planeta apenas por alertá-las sobre as pessoas mal intencionadas. Uma providência eu considero boa: computador, só num local onde todos podem ver o que o outro está fazendo. Diante dessa (cruel) realidade, deixar que a criança navegue à vontade no seu quarto é o mesmo que permitir que ela viaje por aí sozinha, sem a companhia de um adulto responsável.
Os esforços de Alicia têm sido reconhecidos mundo afora com
prêmios,
documentários e fóruns.
ransformar a dor em
ação não é para qualquer um. Alicia, uma jovem bonita e tímida, ainda sofre com
insônias e tem lapsos de memória, num mecanismo involuntário de
autoproteção. Ela estuda Psicologia na Universidade de
Pittsburgh. Seu sonho é virar agente especial do FBI para impedir e salvar outras crianças da mesma situação. Leiam o que diz a mãe de Alicia (em inglês). ”Você acredita que seu filho não está sendo imprudente”, diz Mary, mas está. “A criança que retorna para você depois de uma experiência como essa não é a mesma que saiu”, escreveu Mary, para o
Times britânico. Nem tem como ser. Conheçam essa história. Passem adiante. Ela pode salvar vidas e sonhos.
Abaixo, trechos em português do depoimento da mãe de Alicia.
Era Ano Novo. Começava 2002. Tivemos uma ceia de família. Quando eu estava tirando os pratos para colocar na mesa a torta de maçã, Alicia disse que não se sentia bem e subiu as escadas. Eu disse: “Tudo bem, pode ir”. Mais tarde, quando ela não respondeu a meu chamado, pedi ao irmão para ir até lá. Ele falou: “Ela não está no quarto”. Tinha sumido assim, de repente.Eu nunca tinha me preocupado com o uso que Alicia fazia da
internet. Ela tinha 13 anos, e embora ela ficasse no computador algumas horas por dia, todas as crianças em
Pittsburgh ficavam. Eu dizia: “Sai, brinca um pouco”. Mas aí ela me mostrava a tela do computador, e todos os amigos estavam conversando entre si. Nós achamos que ela estava segura. Crianças pararam de ler livros, e agora escrevem coisas
online, fazem o dever de casa
online. Têm perfis onde incluem seus
objetos favoritos e uma foto. Nunca imaginamos que ela pudesse sofrer algum dano por isso.
Alicia era tímida, não saía muito na rua, não havia nenhuma casa para onde pudesse ir na noite do Ano Novo. Era um dos dias mais frios do ano, gelado,
nevava e estava escuro. Fomos ao jardim, ao porão, e finalmente chamamos a policia. Eles disseram: “Ela estará em casa de manhã, provavelmente está com amigos”, e foram embora. É surreal, você é transportada a um outro estágio de consciência, porque não há resposta. Você se senta no escuro e se sente impotente. Nenhum alerta. Nenhum sinal de arrombamento. Ela não levara nada com ela, nenhum casaco, nenhuma bota. O dinheiro que ganhara de Natal ainda estava em sua
penteadeira.
Eu era dona de casa, meu marido era vendedor num escritório em que pessoas começavam a trocar e-
mails e havia as lendas dos predadores da
internet, foi ele quem suspeitou primeiro. E estava certo (…) Na aparente segurança de seu quarto, minha filha tinha conhecido um homem de 38 anos
online, um programador de informática de
Hendon,
Virginia. (…) Depois soubemos que era divorciado. A filha tinha acabado de passar o Natal com ele. Tinha a idade de minha filha. Deixou a própria filha no aeroporto e foi pegar a minha na minha casa. Sua intenção era transformá-la numa escrava sexual. (…) Ela ficou refém dele num porão, ela a estuprou, abusou dela, bateu nela, a torturou, e a manteve acorrentada com uma coleira de cachorro no pescoço.Só a encontramos porque ele havia mostrado um vídeo seu com minha filha para outro tarado. Mas o amigo chamou o FBI, por achar que o sequestrador iria matar minha filha e ele não queria ser acusado como cúmplice por ter visto o vídeo do abuso.
No dia 5 de
janeiro, o FBI entrou na casa onde ficava o cativeiro. Até então, eu tinha parado de comer e dormir. Recebi uma ligação do FBI e meu medo era que me chamassem apenas para identificar minha filha, porque 75% das crianças raptadas são mortas nas primeiras três horas.
(…)Alicia hoje descreve a
internet como talvez o maior experimento social de todos os tempos mas no qual as crianças podem ser sacrificadas como cobaias. Eu uso a analogia de uma arma carregada. Ninguém nos advertiu sobre isso mas passaram a nos culpar quando as crianças começaram a matar e ferir umas às outras”.
59 comentários »Ando com uma certa dor na consciência,pois acho que estou meio distante da minha baby, mas vou conversar com esse alguém importante para mim, pois esse tipo de notícia sempre me deixa apreensivo. Esses dias mesmo, postei alguns pensamentos sobre o preconceito aproveitando a repercussão do caso da estudante da Uniban. Sabemos que existem roupas para todas as ocasiões e devemos adequa-las às circunstâncias de uso, mas um erro desse tamanho não justifica um erro ainda maior... Quero esclarecer aqui, que não tenho nenhum vínculo com ela, mas quero também explicitar a minha indignação... Imagina alguém que colocou uma roupa curta para ir à faculdade. Começa um murmurinho e quando ela menos espera, tem que sair da instituição escoltada pela polícia, pois a situação fica insustentável. Assisti alguns vídeos que foram postados no Youtube e lamentavelmente vê-se a cena onde dezenas de estudantes (de curso superior), gritam em côro ¨Puta! Puta!¨ (desculpem o palavreado). Simplesmente deprimente... Acho que alguém que tenha o privilégio de cursar uma faculdade no Brasil, tem que ter a mente um pouco mais aberta. Alguns até nem estavam tão empenhados em protestar. Só queriam mesmo é fazer barulho e ver o circo pegar fogo (Maria-vai-com-as-outras). Acho que se alguma menina estava incomodada com o namorado olhando para a outra, então que fosse reclamar na direção (essa seria a atitude mais sensata). Submeter uma pessoa à esse tipo de humilhação é um dano que jamais poderá ser plenamente sanado e vai deixar sequelas. Há uma parte de um dos vídeos em que uma garota diz ¨coitada, ela está chorando...¨ Em seguida uma outra responde ¨que se dane!¨ As vezes me questiono se estamos mesmo no século XXI...Hoje, no calor dos acontecimentos, muita gente talvez não reconheça que errou, mas o tempo passa e a maturidade um dia chega... Convido todos à meditar sobre o assunto e lembrar que poderia ser alguém da sua família...Se fosse, como você se sentiria? Você de certo deve ter mãe, irmã, prima, amiga, namorada, noiva, esposa... Imaginem o dano psicológico...Temos um grande papel nessa era...O mundo está em constante mudança e do passado até aqui, muitas coisas foram conquistadas, mas para que o mundo seja transformado, a maior mudança deve ocorrer dentro de nós mesmos. Se queremos Justiça, igualdade, tolerância e harmonia, de maneira sincera devemos ser justos, igualitários, tolerantes e buscar uma vida mais harmônica em sociedade.